Para Daniel Sampaio
Certa manhã acordei de sonhos intranquilos é um disco tragicamente belo: seja nas melodias mais orgânicas e subjetivas, seja nas letras mais assobiáveis. As metamorfoses pelas quais Otto passou (comentadas em entrevistas, por ele mesmo) estão presentes nas dez faixas do disco. Este é um trabalho de "mais": daquela tragédia que se manifesta nos pequenos detalhes do cotidiano: que corrói e movimento.
Otto já surgiu maduro, mas Certa manhã acordei de sonhos intranquilos aponta que a maturidade profissonal aparece na (in)certeza (conteúdo e forma) de que o equilíbrio entre um lado que pese e outro lado que flutua impulsiona o sujeito às permanentes e produtivas inquietações.
Otto traz para o disco uma bagagem sonora absurda. Antena da raça, ele absorve as diversas correntes e as devolve devidamente processadas e filigranadas à liberdade.
Certa manhã acordei de sonhos intranquilos tem o calor das performances ao vivo; da energia que contagia o ouvinte pela imersão em camadas particulares do ser pensante, dançante e cantante. Ouvir é entrar em contato com uma espécie de banda larga Iemanjá.
"Crua", de Otto, tem ecos da canção "Condom black", do disco de mesmo nome de 2001. Mas enquanto esta trata da prostituição infantil - "no armazém do seu Manuel / me trouxeram sua filha / de presente no papel", "Crua" traça um sujeito que percebe as dores que não se curam e teimam em doer. No entanto, ambas apresentam o corpo erótico e sensível às agruras e delícias do sexo.
Não há como evitar: de um lado ou de outro expondo a pele crua o sujeito não esquece que tudo tem sua cota de dor.
Certa manhã acordei de sonhos intranquilos é um disco tragicamente belo: seja nas melodias mais orgânicas e subjetivas, seja nas letras mais assobiáveis. As metamorfoses pelas quais Otto passou (comentadas em entrevistas, por ele mesmo) estão presentes nas dez faixas do disco. Este é um trabalho de "mais": daquela tragédia que se manifesta nos pequenos detalhes do cotidiano: que corrói e movimento.
Otto já surgiu maduro, mas Certa manhã acordei de sonhos intranquilos aponta que a maturidade profissonal aparece na (in)certeza (conteúdo e forma) de que o equilíbrio entre um lado que pese e outro lado que flutua impulsiona o sujeito às permanentes e produtivas inquietações.
Otto traz para o disco uma bagagem sonora absurda. Antena da raça, ele absorve as diversas correntes e as devolve devidamente processadas e filigranadas à liberdade.
Certa manhã acordei de sonhos intranquilos tem o calor das performances ao vivo; da energia que contagia o ouvinte pela imersão em camadas particulares do ser pensante, dançante e cantante. Ouvir é entrar em contato com uma espécie de banda larga Iemanjá.
"Crua", de Otto, tem ecos da canção "Condom black", do disco de mesmo nome de 2001. Mas enquanto esta trata da prostituição infantil - "no armazém do seu Manuel / me trouxeram sua filha / de presente no papel", "Crua" traça um sujeito que percebe as dores que não se curam e teimam em doer. No entanto, ambas apresentam o corpo erótico e sensível às agruras e delícias do sexo.
Não há como evitar: de um lado ou de outro expondo a pele crua o sujeito não esquece que tudo tem sua cota de dor.
***
Crua
(Otto)
Há sempre um lado que pese
e um outro lado que flutua
Tua pele
é crua
é crua
Dificilmente se arranca a lembrança
a lembrança
Por isso na primeira vez dói
por isso não se esqueça dói
E ter que acreditar num caso sério
e na melancolia que dizia
Mas naquela noite que eu chamei
você fodia, fodia
Mas naquela noite que eu chamei
você fodia de noite e de dia
(Otto)
Há sempre um lado que pese
e um outro lado que flutua
Tua pele
é crua
é crua
Dificilmente se arranca a lembrança
a lembrança
Por isso na primeira vez dói
por isso não se esqueça dói
E ter que acreditar num caso sério
e na melancolia que dizia
Mas naquela noite que eu chamei
você fodia, fodia
Mas naquela noite que eu chamei
você fodia de noite e de dia
4 comentários:
Massa, só faltou o link pra ouvir, hehe: http://www.youtube.com/watch?v=pz34FGMCkWk !
as dores e as delícias
de ser e de amar...!
as dores e as delícias
de ser e de amar...!
Oi, Leo. Você sempre uma surpresa grata, cara. Muito obrigado pela dedicatória, cujo texto dedicado é um brinco que a gente, muita vez, não acredita merecer. Coisas de melancólico. Mas você está aqui, presente quando a gente nem sente. Um grande amigo! Forte abraço.
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