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23 março 2010

82. A praça

Ronnie Von é uma das principais figuras da Jovem Guarda. Galã, o príncipe chegou a comandar o programa de TV O pequeno mundo de Ronnie Von, na TV Record, ampliando o séquito de fãs.
Lançada no disco Ronnie Von (1967), a canção "A praça", de Carlos Imperial, trabalha com elementos de nostalgia. Com letra e melodia bem feitinhas e arrumadas, a canção ainda hoje tem lugar de prestígio na discografia de muita gente.
Com melodia contemplativa e quase estática, muito de sua força persuasiva vem exatamente da capacidade de disparar no ouvinte lembranças de momentos bons: daqueles que nunca deveriam ter se acabado. "A praça" é o canto de um bloco da saudade: tenta congelar o tempo através da memória, do retorno imagético ao tempo-espaço da felicidade.
Ou seja, com sua mensagem de um momento bom que ficou para trás, perdido no banco de uma praça, a canção gera grande empatia com os ouvidos da saudade. Afinal, quem não tem, em algum lugar, a memória boa de um encontro?
A letra tem versos rimados (que intencionam apontar a beleza do amor perdido no passado) e segue um ritmo próximo da melodia. Por vezes, remete-nos à lembrança de uma triste charanga de um circo de interior. A canção trabalha com a imagem do desencanto no presente, de um sujeito a vagar na tortura das recordações.
Importa perceber como o tempo parece não passar. O sujeito ficou tão fixado no encontro, que não conseguiu seguir depois do fim, da separação. Tudo é igual, mas ele está triste, pois não tem o outro por perto. Ele precisa do canto para manter o outro próximo: "então eu fiz esta canção", diz apontando a dor e o escape.

***

A praça
(Carlos Imperial)

Hoje eu acordei com saudades de você
Beijei aquela foto que você me ofertou
Sentei naquele banco da pracinha só porque
Foi lá que começou o nosso amor

Senti que os passarinhos todos me reconheceram
E eles entenderam toda minha solidão
Ficaram tão tristonhos e até emudeceram
Aí então eu fiz esta canção

A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim
Tudo é igual, mas estou triste
Porque não tenho você perto de mim

Beijei aquela árvore tão linda onde eu
Com meu canivete um coração eu desenhei
Escrevi no coração meu nome junto ao seu
Ser seu grande amor então jurei

O guarda ainda é o mesmo que um dia me pegou
Roubando uma rosa amarela pra você
Ainda tem balanço, tem gangorra meu amor
Crianças que não param de correr

Aquele bom velhinho pipoqueiro foi quem viu
Quando envergonhado de namoro eu lhe falei
Ainda é o mesmo sorveteiro que assistiu
Ao primeiro beijo que eu lhe dei

A gente vai crescendo, vai crescendo
E o tempo passa
E nunca esquece a felicidade que encontrou
Sempre eu vou lembrar do nosso banco
Lá da praça
Foi lá que começou o nosso amor

Um comentário:

Rose disse...

nossa sentei na praça,colhi a rosa amarela e quase chorei....tadinho.....