A voz sedutora de Marina Lima encanta e seduz. Com nuances de timbres, para lá de melódicos e quentes, Marina canta o amor solar e o corpo ardido de sal e sol, mesmo quando ele está encoberto por nuvens.
Faz gosto ver como a intérprete Marina registra sua marca. "Mesmo que seja eu", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, do disco Fullgás (1984), por exemplo, cantada por Marina, ganha significados imprevistos.
O sujeito da canção constrói seu argumento - o destinatário precisa de um homem para ser feliz - sobre linhas persuasórias que tentam calar o outro e, ao mesmo tempo, arrebatá-lo. E vale tudo, até inverter a ordem do ditado popular: "antes só do que mal acompanhada" vira o irreverente "antes mal acompanhada do que só", recuperado da sábia avó do sujeito que canta.
Para tanto, usa e desconstrói imagens/fábulas românticas - a princesa na torre do castelo à espera do príncipe salvador; aponta a solidão que devora milhões de sonhos; e se coloca como o cantor-salvador. E quem não quer ser cantado? Ou melhor, quem não precisa do canto alheio, cuja força seca o pranto da crueldade de se saber só no mundo? É aqui que o sujeito da canção investe.
Assim como, cabe lembrar, a interpretação de Ney Matogrosso, feita ao estilo singular de Ney, dispara ironias e seduções pouco convencionais, a versão de Marina, aliada à ideia da desilusão do destinatário que não encontra a "espada do seu salvador", no silêncio do quarto, dá à canção uma gostosa sugestão lésbica: certeira e desestabilizante.
Marina canta com o fogo ardendo dentro do peito. A voz é toda malícia, lascívia, sedução. O sujeito aqui é sereia que situa o outro no mundo porque o envolve com tons baixos. O outro precisa de um homem para chamar de seu, mesmo que seja uma mulher: uma gata mutante (livre das normas) todo dia.
Faz gosto ver como a intérprete Marina registra sua marca. "Mesmo que seja eu", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, do disco Fullgás (1984), por exemplo, cantada por Marina, ganha significados imprevistos.
O sujeito da canção constrói seu argumento - o destinatário precisa de um homem para ser feliz - sobre linhas persuasórias que tentam calar o outro e, ao mesmo tempo, arrebatá-lo. E vale tudo, até inverter a ordem do ditado popular: "antes só do que mal acompanhada" vira o irreverente "antes mal acompanhada do que só", recuperado da sábia avó do sujeito que canta.
Para tanto, usa e desconstrói imagens/fábulas românticas - a princesa na torre do castelo à espera do príncipe salvador; aponta a solidão que devora milhões de sonhos; e se coloca como o cantor-salvador. E quem não quer ser cantado? Ou melhor, quem não precisa do canto alheio, cuja força seca o pranto da crueldade de se saber só no mundo? É aqui que o sujeito da canção investe.
Assim como, cabe lembrar, a interpretação de Ney Matogrosso, feita ao estilo singular de Ney, dispara ironias e seduções pouco convencionais, a versão de Marina, aliada à ideia da desilusão do destinatário que não encontra a "espada do seu salvador", no silêncio do quarto, dá à canção uma gostosa sugestão lésbica: certeira e desestabilizante.
Marina canta com o fogo ardendo dentro do peito. A voz é toda malícia, lascívia, sedução. O sujeito aqui é sereia que situa o outro no mundo porque o envolve com tons baixos. O outro precisa de um homem para chamar de seu, mesmo que seja uma mulher: uma gata mutante (livre das normas) todo dia.
***
Mesmo que seja eu
(Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão meu bem
Quando acordou, estava sem
ninguém
Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
E no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da
fera da solidão
Com a força do meu canto
Esquento o seu quarto prá secar
Seu pranto
Aumenta o radio
Me dê a mão
Filosofia é poesia é o que dizia a minha vó
Antes mal acompanhada do que só
Você precisa de um homem pra chamar de seu
Mesmo que esse homem seja eu
Um homem prá chamar de seu
mesmo que seja eu
(Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão meu bem
Quando acordou, estava sem
ninguém
Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
E no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da
fera da solidão
Com a força do meu canto
Esquento o seu quarto prá secar
Seu pranto
Aumenta o radio
Me dê a mão
Filosofia é poesia é o que dizia a minha vó
Antes mal acompanhada do que só
Você precisa de um homem pra chamar de seu
Mesmo que esse homem seja eu
Um homem prá chamar de seu
mesmo que seja eu
Um comentário:
Ney matogrosso e marina ,cantando essa música só reforça o caráter irônico da letra.
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