"Incompatibilidade de gênios" é uma das belas criações da parceria bem sucedida de João Bosco e Aldir Blanc. Além, claro, de "O mestre sala dos mares", "O bêbado e a equilibrista", "Bala com bala", "Falso brilhante", "Corsário", dentre muitas outras.
O trabalho de João Bosco com o violão é de requinte e rebuscamento digno de várias notas. A complexidade de suas melodias desembocam sempre em atuações magistrais no palco. Ele parece estar sempre em busca do acorde perfeito; da essência daquilo que quer transmitir.
Para "Incompatibilidade de gênios" (no disco Galos de briga, 1976), João Bosco criou uma apresentação jazzística, misturada com uma batida de samba, comovente. A marcação monótona (sublinhada pelo termo "dotô", da letra) ilumina a mensagem de um sujeito que quer mostrar ao ouvinte seu dia-a-dia com a companheira.
Com palavras curtas, a letra (de título longo e fingidamente rebuscado) cria a imagem do sujeito sufocado pelas atitudes dela, mas ao mesmo tempo amarrado à situação. A letra é uma lista de reclamações, de desabafos. A mulher pega no pé do sujeito e, nos pequenos detalhes cotidianos, inferniza a sua vida.
O resultado é uma canção cheia de dissílabos, laconismos e queixas que prende (com humor) a atenção do ouvinte. Até o canto do outro, que deveria ser um canto amoroso, é deboche: "Dotô, jogava o Flamengo, eu queria escutar. Chegou, mudou de estação, começou a cantar", diz o sujeito. A incompatibilidade é clara, mas será que ele quer mesmo separar?
Vale registrar que Clementina de Jesus (no disco Clementina de Jesus: Convidado especial Carlos Cachaça, 1976) interpretou, de forma singularíssima, como sempre, "Incompatibilidade de gênios", dando à canção uma verossimilhança arrebatadora.
O trabalho de João Bosco com o violão é de requinte e rebuscamento digno de várias notas. A complexidade de suas melodias desembocam sempre em atuações magistrais no palco. Ele parece estar sempre em busca do acorde perfeito; da essência daquilo que quer transmitir.
Para "Incompatibilidade de gênios" (no disco Galos de briga, 1976), João Bosco criou uma apresentação jazzística, misturada com uma batida de samba, comovente. A marcação monótona (sublinhada pelo termo "dotô", da letra) ilumina a mensagem de um sujeito que quer mostrar ao ouvinte seu dia-a-dia com a companheira.
Com palavras curtas, a letra (de título longo e fingidamente rebuscado) cria a imagem do sujeito sufocado pelas atitudes dela, mas ao mesmo tempo amarrado à situação. A letra é uma lista de reclamações, de desabafos. A mulher pega no pé do sujeito e, nos pequenos detalhes cotidianos, inferniza a sua vida.
O resultado é uma canção cheia de dissílabos, laconismos e queixas que prende (com humor) a atenção do ouvinte. Até o canto do outro, que deveria ser um canto amoroso, é deboche: "Dotô, jogava o Flamengo, eu queria escutar. Chegou, mudou de estação, começou a cantar", diz o sujeito. A incompatibilidade é clara, mas será que ele quer mesmo separar?
Vale registrar que Clementina de Jesus (no disco Clementina de Jesus: Convidado especial Carlos Cachaça, 1976) interpretou, de forma singularíssima, como sempre, "Incompatibilidade de gênios", dando à canção uma verossimilhança arrebatadora.
***
Incompatibilidade de gênios
(João Bosco / Aldir Blanc)
Dotô
Jogava o Flamengo, eu queria escutar
Chegou
Mudou de estação, começou a cantar
Tem mais
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar
Sem dó
Falou que por ela eu podia cegar
Se eu dou
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar
Bastou
Durante dez noites me faz jejuar
Levou
As minhas cuecas prum bruxo rezar
coou
Meu café na calça pra me segurar
Se eu tô, ai, se eu tô
Devendo dinheiro e vem me cobrar
E vem me cobrar
Dotô
Ai, dotô
A peste abre a porta e ainda manda sentar
E ainda manda "sentá"
depois
Se eu mudo de emprego que é pra melhorar
Que é só pra melhorar
vê só
Convida a mãe dela pra ir morar lá
Dotô
Se eu peço feijão, ela deixa salgar
E ela deixa salgar
Calor
Ai, calor
Mas veste casaco pra me atazanar
Só pra atazanar
E ontem
Sonhando comigo, mandou eu jogar
Mandou eu "jogá"
No burro
Foi no burro
E deu na cabeça a centena e o milhar
Ai, quero me separar
(João Bosco / Aldir Blanc)
Dotô
Jogava o Flamengo, eu queria escutar
Chegou
Mudou de estação, começou a cantar
Tem mais
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar
Sem dó
Falou que por ela eu podia cegar
Se eu dou
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar
Bastou
Durante dez noites me faz jejuar
Levou
As minhas cuecas prum bruxo rezar
coou
Meu café na calça pra me segurar
Se eu tô, ai, se eu tô
Devendo dinheiro e vem me cobrar
E vem me cobrar
Dotô
Ai, dotô
A peste abre a porta e ainda manda sentar
E ainda manda "sentá"
depois
Se eu mudo de emprego que é pra melhorar
Que é só pra melhorar
vê só
Convida a mãe dela pra ir morar lá
Dotô
Se eu peço feijão, ela deixa salgar
E ela deixa salgar
Calor
Ai, calor
Mas veste casaco pra me atazanar
Só pra atazanar
E ontem
Sonhando comigo, mandou eu jogar
Mandou eu "jogá"
No burro
Foi no burro
E deu na cabeça a centena e o milhar
Ai, quero me separar
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