Nelson Cavaquinho imprimiu suas canções com as cores da Lapa. A malandragem, a boemia e a disciplina virtuosa do choro enfeitam seus sambas.
Com sua peculiar maneira de tocar (com apenas dois dedos: polegar e indicador), fosse o cavaquinho, fosse o violão, o "menestrel das ruas" compunha a partir de sentimentos e sensações que atravessam (cortam e dilaceram) o coração (leviano, vagabundo e amante).
Deste modo, a melancolia boêmia, com seus amores fracassados e o risco presente da morte, carrega nas tintas que colorem os versos e enchem as melodias de paixão.
A versão da (mais que) divina Elizete Cardoso (Elizete sobe o morro, 1965) para "A flor e o espinho" é comovente. Aliás, é impossível ouvir Elizete e não ter a certeza de que a vida mudou naquele instante. E ouvi-la interpretando a amargura de um fim de caso é mais que demais. A voz de Elizete "materializa", diante do ouvinte, a "história" apresentada na canção.
Os versos "tire o seu sorriso do caminho / que eu quero passar com a minha dor" entraram para o imaginário poético da canção brasileira. Eles condensam a mágoa e a vontade de seguir do sujeito, traduzindo o sofrer e o desejar de quem ama.
A figura da flor (geralmente a rosa, "divina e graciosa") abriga em si a possibilidade da dor, pois seu caule é protegido por espinhos. Tal imagem parece sugerir que quando nos enamoramos por alguém focamos apenas naquilo que maravilha nossos olhos, esquecendo que cada qual arrasta idiossincrasias (arestas insuspeitadas) que, muitas vezes, se chocam no embate das subjetividades. Mas isso só o tempo mostra.
Ou melhor, com o tempo, os véus caem e os espinhos, que estavam presentes desde o início e nós fingíamos não ver, ficam mais sensíveis.
"A flor e o espinho" já ganhou boas e competentes versões, mas ouvi-la através do espelho de Elizete (atravessado pela Divina) é sublime e arrebatador.
Deste modo, a melancolia boêmia, com seus amores fracassados e o risco presente da morte, carrega nas tintas que colorem os versos e enchem as melodias de paixão.
A versão da (mais que) divina Elizete Cardoso (Elizete sobe o morro, 1965) para "A flor e o espinho" é comovente. Aliás, é impossível ouvir Elizete e não ter a certeza de que a vida mudou naquele instante. E ouvi-la interpretando a amargura de um fim de caso é mais que demais. A voz de Elizete "materializa", diante do ouvinte, a "história" apresentada na canção.
Os versos "tire o seu sorriso do caminho / que eu quero passar com a minha dor" entraram para o imaginário poético da canção brasileira. Eles condensam a mágoa e a vontade de seguir do sujeito, traduzindo o sofrer e o desejar de quem ama.
A figura da flor (geralmente a rosa, "divina e graciosa") abriga em si a possibilidade da dor, pois seu caule é protegido por espinhos. Tal imagem parece sugerir que quando nos enamoramos por alguém focamos apenas naquilo que maravilha nossos olhos, esquecendo que cada qual arrasta idiossincrasias (arestas insuspeitadas) que, muitas vezes, se chocam no embate das subjetividades. Mas isso só o tempo mostra.
Ou melhor, com o tempo, os véus caem e os espinhos, que estavam presentes desde o início e nós fingíamos não ver, ficam mais sensíveis.
"A flor e o espinho" já ganhou boas e competentes versões, mas ouvi-la através do espelho de Elizete (atravessado pela Divina) é sublime e arrebatador.
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A flor e o espinho
(Nelson Cavaquinho / Alcides Caminha / Guilherme de Brito)
Tire o seu sorriso do caminho
que eu quero passar com a minha dor
Hoje, pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha magoa
A minha dor e os meus olhos rasos d'agua
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor
A flor e o espinho
(Nelson Cavaquinho / Alcides Caminha / Guilherme de Brito)
Tire o seu sorriso do caminho
que eu quero passar com a minha dor
Hoje, pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu só errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
É no espelho que eu vejo a minha magoa
A minha dor e os meus olhos rasos d'agua
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor
Um comentário:
Elizeth ou Elizete?eis a questão.na verdade a questão que interessa é colocar a Divina no seu devido lugar:No altar da música brasileira.
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