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10 maio 2010

130. Ilegais

"Ilegais" apresenta um casal que dá bandeira da relação entre os dois. O sujeito sente receio pelo que pode acontecer caso as malígnas línguas importunem o encontro (o desassossego dos corpos) dos dois.
Tudo passa pelo olhar: "esse seu olhar quando encontra o meu". É o olhar que entrega os amantes, denuncia o clamor fugaz dos dois.
Diante da caretice que toma conta dos temas amorosos na canção, "Ilegais", com o desejo do sujeito de ter o outro "pertinho, dentro, em cima de mim", incendeia os sentidos do ouvinte. "Eu quero você", finaliza o sujeito, cravando as marcas do desejo (paixão) no seu canto.
As repetições em diferenças do texto (veloz - feroz / malígnas línguas - pura hipocrisia) aproximam a canção de Vanessa da Mata à letra de "Imorais", de Zélia Duncan e Christiaan Oyens.
Nesta canção o sujeito aponta: "Os imorais falam de nós, do nosso gosto, nosso encontro, da nossa voz". E conclui: "um dia, eu sei, a casa cai e então a moral da história vai estar sempre na glória de fazermos o que nos satisfaz".
A semelhança dos discursos dispara significantes que indiciam o desejo de brilho, estilo e liberdade afetiva.
Na versão ao vivo - disco Vanessa da Mata ao vivo (2009), registro da turnê Perfumes de sim - Vanessa inclui, como música incidental, "You Don't Love Me (No, No, No)". Cantada ao modo da cantora jamaicana Dawn Penn, a canção adensa o ritmo e os significados de "Ilegais". O balanço da rede de intrigas, sobre a qual os amantes se devoram, é regido pela consciência da ilegalidade, do desvio da chatice.

***

Ilegais
(Vanessa da Mata)

Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa vida
E será uma maldade veloz
Malignas línguas
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam, ilegais

Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu, quero você dentro de mim
Eu, quero você em cima de mim
Eu quero você

Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais, demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam, olhos ilegais

Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu, quero você dentro de mim
Eu, quero você em cima de mim
Eu quero você

4 comentários:

Glaucio disse...

Parabéns pela idéia e execução GENIAL! Escutei sobre o seu blog na Sulamérica Paradiso, foi um espanto porque sempre quis discutir letras brasileiras, mas poucos se interessavam. Gostaria de fazer um pedido para que incluísse o mestre Djavan em seus posts!

Obrigado!

Simone Santos disse...

Adoro essa música, e vc descreveu muito bem a cena da música, novamente parabéns!!!

Anônimo disse...

Somos...
por vezes...ilegais...
beijos gentis...
Leca

Elaine disse...

Adorei o blog!
Estou vasculhando ele todinho...
Essa musica não é uma de minhas preferidas, confesso, mas já passei por isso e foi gostoso...