O verso "tudo é inferno pra quem nunca quer morrer", da canção "Trégua suspensa" (Melhor assim, 2010), ecoa o pensamento que diz que "estar no mundo é estar no inferno".
O inferno é a esfera dissociada da proteção divina; o inferno é estar vivo e jogado (expulso do ventre) no mundo; e é, ainda, o contato com o exterior, que é, em verdade, o contato com o nosso interior. Ou seja, quem entra no inferno só consegue se comunicar consigo mesmo. Claustrofobia.
Pensando com os conceitos do filósofo Peter Sloterdijk em mente, desde o ventre materno (nossa microesfera e paraíso) somos cantados (pela mãe que nos abastece abundantemente), incutindo a necessidade da música em nossa constituição. Assim, viver é permanente busca pela fama (pelo canto primordial). Viver é estar cíclica e infinitamente (re)criando esferas que nos dão um vão, mas necessário, estado de proteção (algo maternal).
Porém, com seus apelos (suas serpentes), o mundo nos seduz com a ideia de (falsa) liberdade. Nossas esferas explodem e partimos instintivamente para a feitura de outras, automaticamente. Já que o paraíso é um pacto contra a exterioridade, ilhamo-nos (na lembrança platônica de uma esfera fechada), cercando nossa esfera com aquilo que nos (en)canta, no momento.
Como a estabilidade parece ser algo impossível, o sujeito tende a morder as maçãs. A serpente, portanto, é nossa cúmplice e irmã.
Em "Trégua suspensa", além do sujeito suspender a trégua com a vida, pois, retornará ao inferno/céu de amar, com o retorno do amor (ao lar, à esfera amorosa), ele mesmo, corpo em movimento, está cheio de inferno (receio) e céu (perdão).
Os momentos de escape nos salvam. O perdão e a companhia de quem amamos, por exemplo. O canto de amor. Ele nos dá a ilusão protetora e nos enche de ânimo para o começar de novo. Afinal, vale a pena sobreviver e usar as engrenagens da vida para criar a felicidade: abrir a porta e dar de cara "com essa cara de menino cínico", que desestabiliza o coração.
Até porque, "a vida é curta e o amor é quase eterno", e que seja enquanto dure. Ao menos na canção, ele está eternizado pelo diálogo erótico (feminino-masculino) das vozes de Teresa Cristina e Lenine.
Pensando com os conceitos do filósofo Peter Sloterdijk em mente, desde o ventre materno (nossa microesfera e paraíso) somos cantados (pela mãe que nos abastece abundantemente), incutindo a necessidade da música em nossa constituição. Assim, viver é permanente busca pela fama (pelo canto primordial). Viver é estar cíclica e infinitamente (re)criando esferas que nos dão um vão, mas necessário, estado de proteção (algo maternal).
Porém, com seus apelos (suas serpentes), o mundo nos seduz com a ideia de (falsa) liberdade. Nossas esferas explodem e partimos instintivamente para a feitura de outras, automaticamente. Já que o paraíso é um pacto contra a exterioridade, ilhamo-nos (na lembrança platônica de uma esfera fechada), cercando nossa esfera com aquilo que nos (en)canta, no momento.
Como a estabilidade parece ser algo impossível, o sujeito tende a morder as maçãs. A serpente, portanto, é nossa cúmplice e irmã.
Em "Trégua suspensa", além do sujeito suspender a trégua com a vida, pois, retornará ao inferno/céu de amar, com o retorno do amor (ao lar, à esfera amorosa), ele mesmo, corpo em movimento, está cheio de inferno (receio) e céu (perdão).
Os momentos de escape nos salvam. O perdão e a companhia de quem amamos, por exemplo. O canto de amor. Ele nos dá a ilusão protetora e nos enche de ânimo para o começar de novo. Afinal, vale a pena sobreviver e usar as engrenagens da vida para criar a felicidade: abrir a porta e dar de cara "com essa cara de menino cínico", que desestabiliza o coração.
Até porque, "a vida é curta e o amor é quase eterno", e que seja enquanto dure. Ao menos na canção, ele está eternizado pelo diálogo erótico (feminino-masculino) das vozes de Teresa Cristina e Lenine.
***
Trégua suspensa
(Teresa Cristina / Lula Queiroga)
Depois que você virou visita
A quem se deve tanta honra
Essa chegada sem convite algum
Abro a porta e dou de cara
Com essa cara de menino cínico
Sabendo que eu sofro do coração
Pode sentar, pode montar sua defesa
Que eu já preparei o meu perdão
Hoje eu quero sua companhia
Te dar todo o tipo de alegria
E adormecer no colo da sua mão
A vida é curta e o amor é quase eterno
Tudo é inferno pra quem nunca quer morrer
e eu que já morro de saudade, simplesmente
da sua cara me pedindo pra esquecer
E olha agora aqui: Você!
Trégua suspensa
(Teresa Cristina / Lula Queiroga)
Depois que você virou visita
A quem se deve tanta honra
Essa chegada sem convite algum
Abro a porta e dou de cara
Com essa cara de menino cínico
Sabendo que eu sofro do coração
Pode sentar, pode montar sua defesa
Que eu já preparei o meu perdão
Hoje eu quero sua companhia
Te dar todo o tipo de alegria
E adormecer no colo da sua mão
A vida é curta e o amor é quase eterno
Tudo é inferno pra quem nunca quer morrer
e eu que já morro de saudade, simplesmente
da sua cara me pedindo pra esquecer
E olha agora aqui: Você!
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