A "Canção da América", de Fernando Brant e Milton Nascimento, é o canto do desejo de frátria, devido aos laços histórico/afetivos que unem os países americanos, em especial, os latino-americanos.
Registrada no disco Sentinela (1980), a canção, pelo potencial confraternizador que carrega (mesmo que o tempo e a distância digam "não"), tornou-se o hino de celebração das amizades. Principalmente para embalar os encontros e as despedidas que a vida nos impõe. Na canção, por exemplo, podemos pensar nos amigos exilados pelas ditaduras de nossos países.
Seja como for, há uma "voz coletiva" (anônima e de todos, iconizada pela sobreposição de vozes, durante o refrão), para além da "voz do sujeito individual", apontando o desejo de bem comum, como resistência às agruras da história. Afinal, como diz a "Cancion por la unidad de Latino America", de Pablo Milanes e Chico Buarque: "A História é um carro alegre cheio de um povo contente que atropela indiferente todo aquele que a negue".
Para além das diferenças, há semelhanças que iluminam a trama da formação latino-americana. Significantes que (em diálogo pacífico) devem ser usados em prol da harmonia e da felicidade dos povos.
É interessante perceber, também, o uso do verbo "falar" - "assim falava a canção" - tencionando a memória do sujeito (na intenção de valorizar a mensagem do seu canto), mas apontando, por outro lado, a ideia de que "por trás da voz que canta" há "uma voz que fala". O que estabelece a relação entre a fala cotidiana, com os elementos da oralidade (vocalidade), e o canto.
A voz de Milton Nascimento dá o lamento certo à despedida ("quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir"), mas aquece o coração ao inventar a possibilidade do encontro, as outras tramas de destino, ("qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar"). É do centro da tensão entre o partir e o voltar que o sujeito canta a fraternidade, tentando encontrar algum sentido na separação.
Seja como for, há uma "voz coletiva" (anônima e de todos, iconizada pela sobreposição de vozes, durante o refrão), para além da "voz do sujeito individual", apontando o desejo de bem comum, como resistência às agruras da história. Afinal, como diz a "Cancion por la unidad de Latino America", de Pablo Milanes e Chico Buarque: "A História é um carro alegre cheio de um povo contente que atropela indiferente todo aquele que a negue".
Para além das diferenças, há semelhanças que iluminam a trama da formação latino-americana. Significantes que (em diálogo pacífico) devem ser usados em prol da harmonia e da felicidade dos povos.
É interessante perceber, também, o uso do verbo "falar" - "assim falava a canção" - tencionando a memória do sujeito (na intenção de valorizar a mensagem do seu canto), mas apontando, por outro lado, a ideia de que "por trás da voz que canta" há "uma voz que fala". O que estabelece a relação entre a fala cotidiana, com os elementos da oralidade (vocalidade), e o canto.
A voz de Milton Nascimento dá o lamento certo à despedida ("quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir"), mas aquece o coração ao inventar a possibilidade do encontro, as outras tramas de destino, ("qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar"). É do centro da tensão entre o partir e o voltar que o sujeito canta a fraternidade, tentando encontrar algum sentido na separação.
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Canção da América (Fernando Brant / Milton Nascimento)
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
Canção da América (Fernando Brant / Milton Nascimento)
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
2 comentários:
Belíssima análise desta canção. Você me fez adentrar num universo que ainda não tinha imaginado. E, assim, poupo a pouco, guardamos a sete chaves a "voz que fala" em nossos corações.
Toda vez que a ouço choro ...pois a ouvi no dia em que perdi minha rotwaller miha amigona.Nos consola como voce escreveu...
("qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar"). É do centro da tensão entre o partir e o voltar que o sujeito canta a fraternidade, tentando encontrar algum sentido na separação.
Parabéns amigo!
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