O que seria do samba (quiçá da canção) brasileiro sem a presença definitiva de Jorge Ben Jor?
Jorge faz de suas canções verdadeiras performances lúdicas. Ele renovou o conteúdo: canta apenas a alegria, a afirmação; e a forma: ensaia novas batucadas para além do bater do tambor do samba.
Com letras de mensagens ora claras ora barrocas, as canções de Jorge Ben Jor, carregadas de temas mestiços, mulatos e tropicais, poetizam-se na forma melódica complexa, mas aparentemente simples (e aqui mora a sofisticação do trabalho de Jorge) que o cantor engendra.
O disco A tábua de esmeralda (1972), por exemplo, guarda preciosidades como "Zumbi", "Cinco minutos" e "Os alquimistas estão chegando". Além de "Menina mulher da pele preta", de Jorge Ben Jor.
"Menina mulher da pele preta" é interpretada com um sotaque malandramente cheio de lascívia e luxúria cariocas: de um Rio quarenta graus que faz o corpo arder. Aqui, o sujeito canta uma mulata (pele preta dos olhos azuis) causa de seu desassossego. Também pudera, ele pensa nela a todo momento, com malícia. O problema é que ele não sabe se ela também pensa nele. Resultado: torna-se a sereia de sua musa híbrida. Canta as delícias da mulher desejada.
Faz isso elogiando exatamente aquilo que a distingue das outras: a cor da pele, dos olhos e do sorriso e, mais importante, o poder de tirar o sujeito do lugar comum. Ela tem aquela energia que vem não se sabe de onde mas que atravessa e embaralha certezas. Seria o contraste encantador da pele preta com o sorriso branco?
Seja como for, do mesmo jeito que o sujeito de "De noite na cama", de Caetano Veloso, o sujeito de "Menina mulher da pele preta" não consegue dormir sossegado e fica pensando se ela também lhe deseja.
A diferença entre os dois é que enquanto o primeiro de dia faz graça para não dar bandeira, o segundo não faz esforço algum para esconder o tesão: ela sabe (e faz charme para manter o desejo) que ele lhe olha com malícia. "Menina mulher da pele preta" é folia do jogo erótico entre a voz que canta e o corpo teso.
Jorge faz de suas canções verdadeiras performances lúdicas. Ele renovou o conteúdo: canta apenas a alegria, a afirmação; e a forma: ensaia novas batucadas para além do bater do tambor do samba.
Com letras de mensagens ora claras ora barrocas, as canções de Jorge Ben Jor, carregadas de temas mestiços, mulatos e tropicais, poetizam-se na forma melódica complexa, mas aparentemente simples (e aqui mora a sofisticação do trabalho de Jorge) que o cantor engendra.
O disco A tábua de esmeralda (1972), por exemplo, guarda preciosidades como "Zumbi", "Cinco minutos" e "Os alquimistas estão chegando". Além de "Menina mulher da pele preta", de Jorge Ben Jor.
"Menina mulher da pele preta" é interpretada com um sotaque malandramente cheio de lascívia e luxúria cariocas: de um Rio quarenta graus que faz o corpo arder. Aqui, o sujeito canta uma mulata (pele preta dos olhos azuis) causa de seu desassossego. Também pudera, ele pensa nela a todo momento, com malícia. O problema é que ele não sabe se ela também pensa nele. Resultado: torna-se a sereia de sua musa híbrida. Canta as delícias da mulher desejada.
Faz isso elogiando exatamente aquilo que a distingue das outras: a cor da pele, dos olhos e do sorriso e, mais importante, o poder de tirar o sujeito do lugar comum. Ela tem aquela energia que vem não se sabe de onde mas que atravessa e embaralha certezas. Seria o contraste encantador da pele preta com o sorriso branco?
Seja como for, do mesmo jeito que o sujeito de "De noite na cama", de Caetano Veloso, o sujeito de "Menina mulher da pele preta" não consegue dormir sossegado e fica pensando se ela também lhe deseja.
A diferença entre os dois é que enquanto o primeiro de dia faz graça para não dar bandeira, o segundo não faz esforço algum para esconder o tesão: ela sabe (e faz charme para manter o desejo) que ele lhe olha com malícia. "Menina mulher da pele preta" é folia do jogo erótico entre a voz que canta e o corpo teso.
***
Menina mulher da pele preta
(Jorge Ben Jor)
Essa menina mulher, da pele preta
Dos olhos azuis, e sorriso branco
Não está me deixando dormir sossegado
Será que ela não sabe, que eu fico acordado
Pensando nela, todo dia toda hora
Passando pela minha janela, todo dia toda hora
Sabendo que eu fico a olhar, com malícia
A sua pele preta, com malícia
Seus olhos azuis, com malícia
Seu sorriso branco, com malícia
Seu corpo todo enfim, com malícia
Com malícia
Será que quando, eu fico acordado
Pensando nela, ela pensa um pouco em mim?
(Jorge Ben Jor)
Essa menina mulher, da pele preta
Dos olhos azuis, e sorriso branco
Não está me deixando dormir sossegado
Será que ela não sabe, que eu fico acordado
Pensando nela, todo dia toda hora
Passando pela minha janela, todo dia toda hora
Sabendo que eu fico a olhar, com malícia
A sua pele preta, com malícia
Seus olhos azuis, com malícia
Seu sorriso branco, com malícia
Seu corpo todo enfim, com malícia
Com malícia
Será que quando, eu fico acordado
Pensando nela, ela pensa um pouco em mim?
5 comentários:
Essa pergunta do final da letra,eu acho que todo mundo já se fez.
esse é melhor disco do planeta,assim como Jorge é o melhor.
gente se a pessoa cantou essa música pra mim e eu não sou pele preta eu sou moreno tipo café com leite isso também pode ser música pra mim também ou só pra com cor preta eu queria entender
Acho se cantaram essa musica pra vc eh por que pensam em vc sem dormir na cama
Concordo com você esse álbum é fabuloso
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