É no olhar do outro que o sujeito de "Flor da paisagem", de Robertinho de Recife e Fausto Nilo, encontra o descanso perfeito: o consolo existencial e a tradução de si. No olho do outro o sujeito mergulha, perde-se e se acha.
Ao melhor estilo "este teu olhar quando encontra o meu fala de umas coisas que não sei dizer", "Flor da paisagem" cria elementos imagéticos - metáforas apaixonadas - que só através do filtro do amor podem ser percebidos.
A qualidade da letra está ainda na tentativa de captar a pronúncia da fala do indivíduo comum, transeunte popular atravessando o deserto da solidão imposta pelo amor. Tal artifício é usado pelo sujeito a fim de intensificar a intimidade com o outro.
Por fim, o sujeito parece querer dizer, tal e qual o sujeito de "Dono dos teus olhos", de Humberto Teixeira: "Não te esqueças que sou dono dos teus olhos, faz favor não espiar pra mais ninguém".
O "zói" do outro é a flor da paisagem sempre movediça da paixão; é o momento absoluto que significa a totalidade da vida do sujeito; é o narcótico necessário à suspensão do juízo necessária ao surgimento da canção.
O sujeito de "Flor da paisagem" é geógrafo: cartografa a paisagem de si. Se o estado de natureza é uma mera hipótese que permite captar a verdade como fruto de uma convenção, o sujeito desenha sua persona: a vida que não é menos dele do que da visão do outro.
Guardada no disco Orós (1977), interpretada pela voz singular de Raimundo Fagner e com carga visual forte, a canção busca interpretar o sossego egoísta que o amado sente ao se ver refletido nos olhos de quem ama: olhos que lhe cantam o amor.
Ao melhor estilo "este teu olhar quando encontra o meu fala de umas coisas que não sei dizer", "Flor da paisagem" cria elementos imagéticos - metáforas apaixonadas - que só através do filtro do amor podem ser percebidos.
A qualidade da letra está ainda na tentativa de captar a pronúncia da fala do indivíduo comum, transeunte popular atravessando o deserto da solidão imposta pelo amor. Tal artifício é usado pelo sujeito a fim de intensificar a intimidade com o outro.
Por fim, o sujeito parece querer dizer, tal e qual o sujeito de "Dono dos teus olhos", de Humberto Teixeira: "Não te esqueças que sou dono dos teus olhos, faz favor não espiar pra mais ninguém".
O "zói" do outro é a flor da paisagem sempre movediça da paixão; é o momento absoluto que significa a totalidade da vida do sujeito; é o narcótico necessário à suspensão do juízo necessária ao surgimento da canção.
O sujeito de "Flor da paisagem" é geógrafo: cartografa a paisagem de si. Se o estado de natureza é uma mera hipótese que permite captar a verdade como fruto de uma convenção, o sujeito desenha sua persona: a vida que não é menos dele do que da visão do outro.
Guardada no disco Orós (1977), interpretada pela voz singular de Raimundo Fagner e com carga visual forte, a canção busca interpretar o sossego egoísta que o amado sente ao se ver refletido nos olhos de quem ama: olhos que lhe cantam o amor.
***
Flor da paisagem
(Robertinho de Recife / Fausto Nilo)
Teu zói é a flor da paisagem
Sereno fim da viagem
Teu zói é a cor da beleza
Sorriso da natureza
Azul de prata, meu litoral
Dois brincos de pedra rara
Riacho de água clara
Roupa com cheiro de mala
Zoim assim são mais belos
Que renda branca, que renda branca, que renda branca na sala
Quem vê não enxerga a praia
Nois no lenços, nois no lençol, nois no lençol de cambraia
Teus zói no fim da vereda
Amor de papel de seda
Teus zói que clareia o roçado
Reluz teu cordão colado
(Robertinho de Recife / Fausto Nilo)
Teu zói é a flor da paisagem
Sereno fim da viagem
Teu zói é a cor da beleza
Sorriso da natureza
Azul de prata, meu litoral
Dois brincos de pedra rara
Riacho de água clara
Roupa com cheiro de mala
Zoim assim são mais belos
Que renda branca, que renda branca, que renda branca na sala
Quem vê não enxerga a praia
Nois no lenços, nois no lençol, nois no lençol de cambraia
Teus zói no fim da vereda
Amor de papel de seda
Teus zói que clareia o roçado
Reluz teu cordão colado
2 comentários:
"ele ama como o patativa do assaré"
Frenesi desse mesmo LP É estonteante...me recorda uma tarde que passei a beira do Rio Saubara em 1977
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