O disco A fábrica do poema (1994) condensa a proposta poética e cancional de Adriana Calcanhotto. Nele encontramos as filigranas básicas de sofisticação com que a cantora lida com a palavra cantada.
A canção "Cariocas", de Adriana Calcanhotto, é a nona canção do disco. Leve e simples (brisa do mar no Rio 40º), a canção apresenta uma relação definidora do jeito solar e carioquês (físico e alma) de sobreviver feita por um sujeito aparentemente distanciado, porém seduzido.
As duas estrofes (com oito versos cada) são formadas, basicamente, por versos de 6 sílabas poéticas (os sete primeiros versos), cujo objetivo é afirmar o que os cariocas são - bonitos, bacanas, sacanas... -, enquanto o último verso de cada estrofe aponta um mal-querer do indivíduo fotografado: "dias nublados" e "sinal fechado".
Basta um rápido passeio pelas ruas e praias da capital fluminense para perceber que, de fato, cariocas não gostam de dias nublados e nem de sinal fechado. Afinal, como ficar dourado sem sol? Como nascer bamba sem furar o sinal? Ou seja, os dois últimos versos das estrofes são usados pelo sujeito da canção para apresentar, de fato, pela negação, a personagem cantada.
O olhar perspicaz do sujeito, traduzido em canção, quer seduzir o objeto que lhe seduz e lhe estimula o canto. Afirmando o outro, o sujeito se deixa dourar sob o sol de Ipanema. O sujeito se aproxima e roça o outro, pois compõe uma canção, como o outro, esperta, direta, alegre, atenta, sexy e clara.
A canção "Cariocas", de Adriana Calcanhotto, é a nona canção do disco. Leve e simples (brisa do mar no Rio 40º), a canção apresenta uma relação definidora do jeito solar e carioquês (físico e alma) de sobreviver feita por um sujeito aparentemente distanciado, porém seduzido.
As duas estrofes (com oito versos cada) são formadas, basicamente, por versos de 6 sílabas poéticas (os sete primeiros versos), cujo objetivo é afirmar o que os cariocas são - bonitos, bacanas, sacanas... -, enquanto o último verso de cada estrofe aponta um mal-querer do indivíduo fotografado: "dias nublados" e "sinal fechado".
Basta um rápido passeio pelas ruas e praias da capital fluminense para perceber que, de fato, cariocas não gostam de dias nublados e nem de sinal fechado. Afinal, como ficar dourado sem sol? Como nascer bamba sem furar o sinal? Ou seja, os dois últimos versos das estrofes são usados pelo sujeito da canção para apresentar, de fato, pela negação, a personagem cantada.
O olhar perspicaz do sujeito, traduzido em canção, quer seduzir o objeto que lhe seduz e lhe estimula o canto. Afirmando o outro, o sujeito se deixa dourar sob o sol de Ipanema. O sujeito se aproxima e roça o outro, pois compõe uma canção, como o outro, esperta, direta, alegre, atenta, sexy e clara.
***
Cariocas
(Adriana Calcanhotto)
Cariocas são bonitos
Cariocas são bacanas
Cariocas são sacanas
Cariocas são dourados
Cariocas são modernos
Cariocas são espertos
Cariocas são diretos
Cariocas não gostam de dias nublados
Cariocas nascem bambas
Cariocas nascem craques
Cariocas têm sotaque
Cariocas são alegres
Cariocas são atentos
Cariocas são tão sexys
Cariocas são tão claros
Cariocas não gostam de sinal fechado
(Adriana Calcanhotto)
Cariocas são bonitos
Cariocas são bacanas
Cariocas são sacanas
Cariocas são dourados
Cariocas são modernos
Cariocas são espertos
Cariocas são diretos
Cariocas não gostam de dias nublados
Cariocas nascem bambas
Cariocas nascem craques
Cariocas têm sotaque
Cariocas são alegres
Cariocas são atentos
Cariocas são tão sexys
Cariocas são tão claros
Cariocas não gostam de sinal fechado
Um comentário:
Leo, gostava mais quando observa a poesia, a meta-língua, o contexto sócio-político da canção do que a rima, a métrica, a sílaba, a técnica
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