Reza a história que Maysa teve as primeiras aulas de violão com Sílvio Caldas. Basta ouvir Maysa cantando "Ouça", composição dela, para perceber que a escola passional de Sílvio tem lugar cativo na voz da musa dos olhos verdes. Mas é a interpretação de Sílvio Caldas, o seresteiro do Brasil, para a canção da pupila que merece aqui uma leitura.
A voz de Sílvio Caldas - a voz morena da cidade - invadiu a fase moderna da canção brasileira, conservando os alongamentos vocálicos e a harmonia orquestral, erudita, cheia de força nos pulmões.
No disco Grandes sucessos com Sílvio Caldas (1974), o caboclinho querido se propõe a passar em revista a história da canção popular brasileira, interpretando compositores de diversas gerações.
Além de mostrar os caminhos côncavos e convexos do tempo, já que agora é o professor quem aprende com a aluna, "Ouça" encontra na voz de Sílvio Caldas o instrumento mais exato para cantar o amor rasgado, o coração sangrando, de um sujeito cansado de investir em uma relação sem a força (e o alimento sustentador) da reciprocidade.
O sujeito, através da voz de Sílvio, expõe sua dor: equaliza sua desmesurada entrega à paixão infrutífera. Aflito e angustiado, ele dá adeus e sofre: chama o outro à realidade. Ou seja, não dá mais para segurar: quando não há troca (via dupla), quando o amor vacila, só resta uma palavra adeus.
A pegada seresteira de Sílvio Caldas, para uma canção ultra passional quanto "Ouça", corta o coração de qualquer um: atinge em cheio as vibras da emoção de um ouvinte em mesmo estado. Sílvio ensina como alguém de alma carente e melancólica se expressa; interpreta o recado que passa em revista um amor que não criou raízes no outro. O passado (feliz) não foi o bastante para convencer quanto o futuro poderia ser bem grande para os amantes.
Mas agora chega, ouça, vão ficar apenas as lembranças - basta um outro cabeludo aparecer na rua, como diz o sujeito de "Detalhes". Até porque, se os costumes falam de coisas e fatos antigos, quando o outro perceber o quanto é triste perder um amor, talvez entenda o recado agora cantado: "vai lembrar que um dia existiu um alguém que só carinho pediu".
A voz de Sílvio Caldas - a voz morena da cidade - invadiu a fase moderna da canção brasileira, conservando os alongamentos vocálicos e a harmonia orquestral, erudita, cheia de força nos pulmões.
No disco Grandes sucessos com Sílvio Caldas (1974), o caboclinho querido se propõe a passar em revista a história da canção popular brasileira, interpretando compositores de diversas gerações.
Além de mostrar os caminhos côncavos e convexos do tempo, já que agora é o professor quem aprende com a aluna, "Ouça" encontra na voz de Sílvio Caldas o instrumento mais exato para cantar o amor rasgado, o coração sangrando, de um sujeito cansado de investir em uma relação sem a força (e o alimento sustentador) da reciprocidade.
O sujeito, através da voz de Sílvio, expõe sua dor: equaliza sua desmesurada entrega à paixão infrutífera. Aflito e angustiado, ele dá adeus e sofre: chama o outro à realidade. Ou seja, não dá mais para segurar: quando não há troca (via dupla), quando o amor vacila, só resta uma palavra adeus.
A pegada seresteira de Sílvio Caldas, para uma canção ultra passional quanto "Ouça", corta o coração de qualquer um: atinge em cheio as vibras da emoção de um ouvinte em mesmo estado. Sílvio ensina como alguém de alma carente e melancólica se expressa; interpreta o recado que passa em revista um amor que não criou raízes no outro. O passado (feliz) não foi o bastante para convencer quanto o futuro poderia ser bem grande para os amantes.
Mas agora chega, ouça, vão ficar apenas as lembranças - basta um outro cabeludo aparecer na rua, como diz o sujeito de "Detalhes". Até porque, se os costumes falam de coisas e fatos antigos, quando o outro perceber o quanto é triste perder um amor, talvez entenda o recado agora cantado: "vai lembrar que um dia existiu um alguém que só carinho pediu".
***
Ouça
(Maysa)
Ouça, vá viver
Sua vida com outro bem
Hoje eu já cansei
De pra você não ser ninguém
O passado não foi o bastante
Pra lhe convencer
Que o futuro seria bem grande
Só eu e você
Quando a lembrança
Com você for morar
E bem baixinho
De saudade você chorar
Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar
Fez questão de negar
(Maysa)
Ouça, vá viver
Sua vida com outro bem
Hoje eu já cansei
De pra você não ser ninguém
O passado não foi o bastante
Pra lhe convencer
Que o futuro seria bem grande
Só eu e você
Quando a lembrança
Com você for morar
E bem baixinho
De saudade você chorar
Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar
Fez questão de negar
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