Ouvir Céu cantando "Malemolência", de Alec Haiat e Céu, é uma delícia. Ouço e sinto que nesta canção está o embrião das canções que a cantora executa. Sofisticada, sem pedantismo, Céu dá voz às coisas simples da vida: imprime beleza ao cotidiano.
Com um pé no eletrônico (sons tomados do afrobeat, por exemplo) e o outro na tradição vocal (sons orgânicos vindos, especialmente, do samba), Céu tem construído uma carreira que ainda terá muitos e felizes desdobramentos.
De modo geral, consciente de que o Brasil é um país híbrido, Céu dá continuidade (aprofunda, amplia e imprime sua marca) ao que o cantor Otto fez ao lançar o disco Samba pra burro (1998). Ali, Otto abriu as possibilidades para a fundição da música eletrônica com os sons nacionais, ou melhor, permitiu que os sons locais reverberassem no universal.
Aliás, não por acaso, Céu participa do disco de Otto - Certas manhãs acordei de sonhos intranquilos (2009) - cantando um certo "leite derramado sobre a natureza morta": despoletador de sonhos.
"Malemolência" está no primeiro disco da cantora: CéU (2005) - Sim o C e o U estão grafados em maiúsculas na capa que traz uma foto solar e primaveril da cantora. A canção, com excelentes arranjos de cordas e samples, é uma boa amostra da mistura sonora proposta no disco e na obra de Céu, como afirmei acima.
Não há uma "mistura pela mistura", mas um procedimento consciente dos contatos sonoros, que, por sua vez, tenta figurativizar o menino bonito que vai até o sujeito da canção e inspira o canto.
O objetivo é criar o espaço (a roda de samba: a malemolência) necessário à dança do menino. O swingue da melodia presentifica um "menino bonito", cheio de malemolência (brasileiro; malandro: "tensão flutuante do Rio"), que, basta olhar, tira o ar do sujeito da canção que, entre suspiros e ais lança o canto do deslumbramento: a rede.
Com um pé no eletrônico (sons tomados do afrobeat, por exemplo) e o outro na tradição vocal (sons orgânicos vindos, especialmente, do samba), Céu tem construído uma carreira que ainda terá muitos e felizes desdobramentos.
De modo geral, consciente de que o Brasil é um país híbrido, Céu dá continuidade (aprofunda, amplia e imprime sua marca) ao que o cantor Otto fez ao lançar o disco Samba pra burro (1998). Ali, Otto abriu as possibilidades para a fundição da música eletrônica com os sons nacionais, ou melhor, permitiu que os sons locais reverberassem no universal.
Aliás, não por acaso, Céu participa do disco de Otto - Certas manhãs acordei de sonhos intranquilos (2009) - cantando um certo "leite derramado sobre a natureza morta": despoletador de sonhos.
"Malemolência" está no primeiro disco da cantora: CéU (2005) - Sim o C e o U estão grafados em maiúsculas na capa que traz uma foto solar e primaveril da cantora. A canção, com excelentes arranjos de cordas e samples, é uma boa amostra da mistura sonora proposta no disco e na obra de Céu, como afirmei acima.
Não há uma "mistura pela mistura", mas um procedimento consciente dos contatos sonoros, que, por sua vez, tenta figurativizar o menino bonito que vai até o sujeito da canção e inspira o canto.
O objetivo é criar o espaço (a roda de samba: a malemolência) necessário à dança do menino. O swingue da melodia presentifica um "menino bonito", cheio de malemolência (brasileiro; malandro: "tensão flutuante do Rio"), que, basta olhar, tira o ar do sujeito da canção que, entre suspiros e ais lança o canto do deslumbramento: a rede.
***
Malemolência
(Alec Haiat / Céu)
Veio até mim
Quem deixou
Me olhar assim
Não pediu
Minha permissão
Não pude evitar
Tirou meu ar
Fiquei sem chão
Menino bonito
Menino bonito, ai
Ai menino bonito
Menino bonito, ai
É tudo o que eu posso
Lhe adiantar
O que é um beijo
Se eu posso ter o teu olhar?
Cai na dança, cai
Vem pra roda
Da Malemolência
(Alec Haiat / Céu)
Veio até mim
Quem deixou
Me olhar assim
Não pediu
Minha permissão
Não pude evitar
Tirou meu ar
Fiquei sem chão
Menino bonito
Menino bonito, ai
Ai menino bonito
Menino bonito, ai
É tudo o que eu posso
Lhe adiantar
O que é um beijo
Se eu posso ter o teu olhar?
Cai na dança, cai
Vem pra roda
Da Malemolência
Nenhum comentário:
Postar um comentário