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04 abril 2010

94. Baião de dois

O prato regional "Baião de dois" tem este nome por unir o feijão verde (de corda) e o arroz. Dois ingredientes típicos da mesa brasileira, mas que, na receita, misturados com queijo coalho, carne seca, manteiga de garrafa e temperos verdes, ganham sabor único.
Lançada em 1950, a canção "Baião de dois" ganhou em 2003 - no disco Humberto Teixeira: O Doutor do Baião - uma versão amorosa e sofisticada de Caetano Veloso.
Se na interpretação de Luiz Gonzaga nós temos o ritmo baião como motor da luz, em 2003, Caetano vai buscar referências em "Bim Bom", de João Gilberto, para executar a canção.
Pouca gente percebe, mas na canção gilbertiana - especialmente no verso "é só isso meu baião e não tem mais nada não" - encontramos uma homenagem aos átomos rítmicos de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Caetano busca a essência (sintática e vocal) das palavras (colhidas nas feiras nordestinas) e do balanço do sertão, assim como fez João Gilberto, em uma de suas poucas composições.
Na letra, temos uma auto homenagem à "Baião" (primeiro grande sucesso de Luiz e Humberto). Pois, "se o baião é bom sozinho, que dirá baião de dois". E "quem quiser aprender é favor prestar atenção". João e Caetano prestaram bastante atenção.
No baião de Gonzaga e Teixeira, "Baião de dois" é o "arroz com feijão" nosso de cada dia; é o Yin e o Yang da cultura chinesa; e é Deus e Diabo juntos (e soltos) na terra do sol.

***

Baião de Dois
(Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)

Abdon que moda é essa, deixe a tripa e a cuié
Home não vai na cozinha, que é lugá só de mulhé
Vô juntá feijão de corda, numa panela de arroz
Abdon vai já pra sala, que hoje têm baião de dois

Ai, ai ai, ó baião que bom tu sois
Se o baião é bom sozinho, que dirá baião de dois
Se o baião é bom sozinho, que dirá baião de dois
Ai ai, baião de dois, ai ai, baião de dois

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