
"Sintonia", de Fred Góes, Zeca Barreto e Moraes Moreira, fez parte da trilha da novela Hiper tensão e imprimiu (embalou) o arco teso da promessa do desejo de muitos telespectadores.
Do disco Mestiço é isso (1986), a canção "Sintonia" apresenta um sujeito que (ao revés) seduz a sereia: agora é o sujeito-ouvinte quem canta para levá-la ao mergulho no gozo do afeto. Tudo mais parece uma revanche (amorosa e dengosa), já que, naturalmente, é a sereia quem seduz.
A bonita introdução instrumental nos remete às antigas serenatas, quando um sujeito declarava seu amor e convidava o objeto de desejo para viverem juntos este amor, omitindo (malandramente) suas intenções, digamos, menos pudicas.
Metacanção (canção que canta a si mesma), "Sintonia" é feita para tocar no rádio, espalhar-se pelas fibras da cidade e chegar aos ouvidos da sereia: no rádio do coração. Sintonizados na mesma estação, as personagens se ligam pelo poder de união da canção.
Cheia do jogo erótico, a canção reflete o atrapalhamento dos corpos lançados ao mar do prazer, ao misturar os instrumentos e os gestos vocais do cantor. Volumes aumentados, humanidades crescidas e picuinhas do ciúme criam o clima perfeito para que a sereia seja (agora ela) arrastada para o estado de morte e vida.
Ela, que canta a vida do sujeito, sabe o nome dele (mas não lhe chama, posto que nomear a coisa é perder a coisa), reconhece-o pela voz: afinal, ele a ama. O sujeito penetra o reino da sereia: ondas de um mar que é bonito quando quebra na praia deliram e chamam os dois. O sujeito faz a sereia bailar num vai e vem de corpos encantados e enamorados. E da espuma deste mar (encontro) nasce o amor (o canto).
O pedido do sujeito já é o desejo pulsando. Nós, ouvintes, invadimos a intimidade das personagens deste jogo erótico, deliciando-nos com o despudor da canção que canta a si mesma metaforizando o sujeito (o canto) que nos encanta. Somos, no final da ressaca, os destinatários deste canto: desta canção que toca no rádio do nosso coração e nos lança no mar da ilusão.
Do disco Mestiço é isso (1986), a canção "Sintonia" apresenta um sujeito que (ao revés) seduz a sereia: agora é o sujeito-ouvinte quem canta para levá-la ao mergulho no gozo do afeto. Tudo mais parece uma revanche (amorosa e dengosa), já que, naturalmente, é a sereia quem seduz.
A bonita introdução instrumental nos remete às antigas serenatas, quando um sujeito declarava seu amor e convidava o objeto de desejo para viverem juntos este amor, omitindo (malandramente) suas intenções, digamos, menos pudicas.
Metacanção (canção que canta a si mesma), "Sintonia" é feita para tocar no rádio, espalhar-se pelas fibras da cidade e chegar aos ouvidos da sereia: no rádio do coração. Sintonizados na mesma estação, as personagens se ligam pelo poder de união da canção.
Cheia do jogo erótico, a canção reflete o atrapalhamento dos corpos lançados ao mar do prazer, ao misturar os instrumentos e os gestos vocais do cantor. Volumes aumentados, humanidades crescidas e picuinhas do ciúme criam o clima perfeito para que a sereia seja (agora ela) arrastada para o estado de morte e vida.
Ela, que canta a vida do sujeito, sabe o nome dele (mas não lhe chama, posto que nomear a coisa é perder a coisa), reconhece-o pela voz: afinal, ele a ama. O sujeito penetra o reino da sereia: ondas de um mar que é bonito quando quebra na praia deliram e chamam os dois. O sujeito faz a sereia bailar num vai e vem de corpos encantados e enamorados. E da espuma deste mar (encontro) nasce o amor (o canto).
O pedido do sujeito já é o desejo pulsando. Nós, ouvintes, invadimos a intimidade das personagens deste jogo erótico, deliciando-nos com o despudor da canção que canta a si mesma metaforizando o sujeito (o canto) que nos encanta. Somos, no final da ressaca, os destinatários deste canto: desta canção que toca no rádio do nosso coração e nos lança no mar da ilusão.
***
Sintonia
(Fred Goés / Zeca Barreto / Moraes Moreira)
Escute essa canção
Que é prá tocar no rádio
No rádio do seu coração
Você me sintoniza
E a gente então se liga
Nessa estação
Aumente o seu volume
Que o ciúme
Não tem remédio
Não tem remédio
Não tem remédio não
E agora sim aqui prá nós
Pelo meu nome não me chama
Você é quem conhece mais
A voz do homem
Que te ama
Deixa eu penetrar
Na tua onda
Deixa eu me deitar
Na tua praia
Que é nesse vai e vem
Nesse vai e vem
Que a gente se dá bem
Que a gente se atrapalha
(Fred Goés / Zeca Barreto / Moraes Moreira)
Escute essa canção
Que é prá tocar no rádio
No rádio do seu coração
Você me sintoniza
E a gente então se liga
Nessa estação
Aumente o seu volume
Que o ciúme
Não tem remédio
Não tem remédio
Não tem remédio não
E agora sim aqui prá nós
Pelo meu nome não me chama
Você é quem conhece mais
A voz do homem
Que te ama
Deixa eu penetrar
Na tua onda
Deixa eu me deitar
Na tua praia
Que é nesse vai e vem
Nesse vai e vem
Que a gente se dá bem
Que a gente se atrapalha
Um comentário:
Ótima a idéia deste blog. Parabéns.
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