Um movimento interessante e feliz está acontecendo: artistas que, a princípio, fazem música para "gente grande" tem se dedicado a lançar discos direcionados à "gente miúda". Basta pensar no disco "Pequeno Cidadão", no projeto infantil de Cid Campos e na série de Adriana Partimpim.
De fato, a atitude de artistas como Vinícius de Moraes e Toquinho, além de algumas esparsas e competentes coletâneas, isso sem contar nos discos provindos de programas televisivos, estão na origem do gesto que tem impulsionado os artistas contemporâneos. E, óbvio, a mirada em um nicho consumidor que sofre com uma enorme lacuna de ofertas, é só ir a uma festa infantil para sentir isso.
A premissa de que trabalhar para crianças é complicado, pois seria difícil agradar a um público tão exigente e, ao mesmo tempo, favorecer o contato, desde cedo, com recursos estético-poéticos sofisticados, parece que tem instigado (desafiado) tais artistas de hoje.
E eis que surge a muito bem vinda contribuição da banda Pato Fu, com o disco Música de brinquedo (2010).
Ao assistir aos vídeos de divulgação, na internet, o ouvinte (expectador) tem a impressão de que tudo aconteceu naturalmente: que aquelas letras, algumas já conhecidas do público adulto, nasceram para (e com) aqueles arranjos. E este é o grande trunfo (e a busca incansável) do bom cancionista. Ou seja, equilibrar melodia e letra de forma que o ouvinte tenha a sensação de que a canção soa (flui) da forma mais simples possível.
No entanto, ao analisar o disco Música de brinquedo e descobrir que a música das canções foi composta com a utilização de brinquedos (daí o título do disco), ficamos mais admirados com os resultados. Não é fácil tirar os acordes, tons e timbres que um cancionista, acostumado com a palheta sonora dos instrumentos "profissionais", se acostumou, e precisa, para compor a partir de instrumentos, muitas vezes monocórdios e impensáveis. Daí a profusão de recursos, técnicas e soluções a serviço da (trans)piração do pessoal do Pato fu.
"Primavera", de Cassiano e Sílvio Rochael, que já ganhou excelentes interpretações (destaco a de Tim Maia, exatamente pelo arrojamento do arranjo e da voz do cantor), ganha moldura lírica e romântica. O sujeito que deseja atravessar as quatro estações do ano (símbolos das transformações impostas pelo tempo) ao lado do ouvinte ganha contornos de uma relação mãe-bebê. A mãe canta o infante, mostra a este que nada irá separá-los.
Em contrapartida a criança traz uma rosa (afinal é primavera, o início feliz das relações)
para presentear a mãe: e o céu fica lindo; a canção ganha outras cores: vibrantes e ternas. Ela agora investe na relação dialógica mãe-bebê e embala os corações co-dependentes.
A premissa de que trabalhar para crianças é complicado, pois seria difícil agradar a um público tão exigente e, ao mesmo tempo, favorecer o contato, desde cedo, com recursos estético-poéticos sofisticados, parece que tem instigado (desafiado) tais artistas de hoje.
E eis que surge a muito bem vinda contribuição da banda Pato Fu, com o disco Música de brinquedo (2010).
Ao assistir aos vídeos de divulgação, na internet, o ouvinte (expectador) tem a impressão de que tudo aconteceu naturalmente: que aquelas letras, algumas já conhecidas do público adulto, nasceram para (e com) aqueles arranjos. E este é o grande trunfo (e a busca incansável) do bom cancionista. Ou seja, equilibrar melodia e letra de forma que o ouvinte tenha a sensação de que a canção soa (flui) da forma mais simples possível.
No entanto, ao analisar o disco Música de brinquedo e descobrir que a música das canções foi composta com a utilização de brinquedos (daí o título do disco), ficamos mais admirados com os resultados. Não é fácil tirar os acordes, tons e timbres que um cancionista, acostumado com a palheta sonora dos instrumentos "profissionais", se acostumou, e precisa, para compor a partir de instrumentos, muitas vezes monocórdios e impensáveis. Daí a profusão de recursos, técnicas e soluções a serviço da (trans)piração do pessoal do Pato fu.
"Primavera", de Cassiano e Sílvio Rochael, que já ganhou excelentes interpretações (destaco a de Tim Maia, exatamente pelo arrojamento do arranjo e da voz do cantor), ganha moldura lírica e romântica. O sujeito que deseja atravessar as quatro estações do ano (símbolos das transformações impostas pelo tempo) ao lado do ouvinte ganha contornos de uma relação mãe-bebê. A mãe canta o infante, mostra a este que nada irá separá-los.
Em contrapartida a criança traz uma rosa (afinal é primavera, o início feliz das relações)
para presentear a mãe: e o céu fica lindo; a canção ganha outras cores: vibrantes e ternas. Ela agora investe na relação dialógica mãe-bebê e embala os corações co-dependentes.
***
Primavera
(Cassiano / Sílvio Rochael)
Quando o inverno chegar
Eu quero estar junto a ti
Pode o outono voltar
Eu quero estar junto a ti
Porque (é primavera)
Te amo (é primavera)
Te amo, meu amor
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Meu amor
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)
(Cassiano / Sílvio Rochael)
Quando o inverno chegar
Eu quero estar junto a ti
Pode o outono voltar
Eu quero estar junto a ti
Porque (é primavera)
Te amo (é primavera)
Te amo, meu amor
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Meu amor
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)
Um comentário:
Léo, simplesmente amei: a música, a análise, e a "infantilidade". Interessante q nem sabia da existência desse projeto do pato fu,mas qndo ouvi este trabalho na rádio fiquei encantada com a junção da voz doce das crianças com a da vocalista da banda. Fantático!!! ou melhor, superfantático, amigo...
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