Ulisses, de Homero, para não sucumbir ao encanto das sereias se manteve amarrado ao mastro de sua nau, mas com os ouvidos livres ao canto. Já seus companheiros, enquanto remavam, permaneceram com os ouvidos tapados com cera.
Para alguns, Ulisses se autocondenou à impotência e ao aprisionamento para poder gozar do canto e condenou, simultaneamente, seus companheiros a renunciar ao gozo artístico para continuarem vivos. Para outros, a artimanha de Ulisses não significou apenas um controle racional sobre os encantos mágico-míticos, mas a consagração dele como narrador de suas aventuras.
Seja como for, caso tivesse sucumbido (se atirado aos braços das sereias), Ulisses não poderia cantar seus feitos. O canto é o triunfo: a fama almejada por Ulisses e por todos nós. O "perigo" é nos deixar ser arrastados por este canto.
Em "Porto alegre", Péricles Cavalcanti reinventa o mito: Ulisses, além de estar amarrado no mastro, tapa as orelhas, a fim de resistir ao canto das sereias e aportar (feliz) da ilha de Calipso.
Calipso é outra entidade sedutora da Odisséia, de Homero: ninfa da mitologia grega que retardou a volta de Ulisses à terra natal, por 7 anos. Ao mesmo tempo que se figura como gênero musical.
Há, obviamente, um sofisticado jogo entre Calipso (ninfa) e calipso (ritmo afro-caribenho). O sujeito - Ulisses - canta a alegria de curtir a vida pelos cinco sentidos: "só sei dançar ao ritmo de calipso" (ninfa e dança): o corpo fica, viciosamente, odara.
No disco Maré (2008), segundo disco de uma trilogia que tem o mar como tema (o primeiro foi Maritmo, 1998), Adriana Calcanhotto (ao ritmo de um gostoso calipso), tendo os vocalizes luxuosos de Marisa Monte, fazendo as vezes de sereia, dá voz ao neo-Ulisses: aquele que quer sentir a vida pelo corpo todo. Afinal, um porto alegre é bem mais que um porto seguro.
Seja como for, caso tivesse sucumbido (se atirado aos braços das sereias), Ulisses não poderia cantar seus feitos. O canto é o triunfo: a fama almejada por Ulisses e por todos nós. O "perigo" é nos deixar ser arrastados por este canto.
Em "Porto alegre", Péricles Cavalcanti reinventa o mito: Ulisses, além de estar amarrado no mastro, tapa as orelhas, a fim de resistir ao canto das sereias e aportar (feliz) da ilha de Calipso.
Calipso é outra entidade sedutora da Odisséia, de Homero: ninfa da mitologia grega que retardou a volta de Ulisses à terra natal, por 7 anos. Ao mesmo tempo que se figura como gênero musical.
Há, obviamente, um sofisticado jogo entre Calipso (ninfa) e calipso (ritmo afro-caribenho). O sujeito - Ulisses - canta a alegria de curtir a vida pelos cinco sentidos: "só sei dançar ao ritmo de calipso" (ninfa e dança): o corpo fica, viciosamente, odara.
No disco Maré (2008), segundo disco de uma trilogia que tem o mar como tema (o primeiro foi Maritmo, 1998), Adriana Calcanhotto (ao ritmo de um gostoso calipso), tendo os vocalizes luxuosos de Marisa Monte, fazendo as vezes de sereia, dá voz ao neo-Ulisses: aquele que quer sentir a vida pelo corpo todo. Afinal, um porto alegre é bem mais que um porto seguro.
***
Porto Alegre (Nos braços de Calipso)
Péricles Cavalcanti
amarrado num mastro
tapando as orelhas
eu resisti
ao encanto das sereias
eu não ouvi
o canto das sereias
eu resisti
mas chegando à praia
não fiz nada disso
então caí
nos braços de Calipso
eu sucumbi
ao encanto de Calipso
não resisti
desde então eu não tive
nenhum outro vício
senão dançar
ao ritmo de Calipso
pois eu caí
nas graças de Calipso
não resisti
ao encanto de Calipso
só sei dançar
ao ritmo de Calipso
Péricles Cavalcanti
amarrado num mastro
tapando as orelhas
eu resisti
ao encanto das sereias
eu não ouvi
o canto das sereias
eu resisti
mas chegando à praia
não fiz nada disso
então caí
nos braços de Calipso
eu sucumbi
ao encanto de Calipso
não resisti
desde então eu não tive
nenhum outro vício
senão dançar
ao ritmo de Calipso
pois eu caí
nas graças de Calipso
não resisti
ao encanto de Calipso
só sei dançar
ao ritmo de Calipso
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