"Sinto encanto" (Muito pouco, 2010) é mais uma das belas canções da parceria Moska e Zélia Duncan. Sempre que os dois se unem para compor o ouvinte é brindado com lampejos filosóficos e miradas sobre o cotidiano. Melancolia e desejo engendram versos e melodias que encantam.
"Sinto encanto", que já havia sido gravada por Zélia no disco Pelo sabor do gesto (2009), tematiza o ato de compor: as motivações do canto. A melodia acompanha os movimentos (de avanço e recuo) do sujeito que figurativiza o instante exato da composição.
Na versão de Moska, a cantora Maria Gadú faz as vezes de sereia: coro lírico que insinua a sedução do canto, do qual o sujeito não tem como fugir: e canta. Ele se deixa arrastar, mergulha no mar de sons, promessas e mortes dos seres mitológicos e emerge com o sabor do canto nos lábios. Ele traz, para nós, ouvintes, a tradução da experiência e do acontecimento.
Só desejo, o sujeito se despe de (pre)conceitos o consegue ouvir sobre o amor: que é o autocanto, ou melhor, o canto das conquistas de dentro. Depois disso, nada mais tem importância a não ser cantar: suspender ao máximo possível o seu momento de glória.
Em "Sinto encanto" o sujeito se embriaga nos mistérios do deus Dioniso, mas é "resgatado" por Apolo quando consegue organizar a experiência e cantar. O canto é a organização do pensamento e daquilo que o sujeito sente: encanto (mistério imenso).
O canto atravessa todas as camadas (in)conscientes do sujeito. Amplia sua percepção da vida: o som e o silêncio ganham equilíbrio significante profundo e intenso. O sujeito é pura canção, puro encantamento na busca da palavra e do som exatos para expressar aquilo que o coração não diz.
Na versão de Moska, a cantora Maria Gadú faz as vezes de sereia: coro lírico que insinua a sedução do canto, do qual o sujeito não tem como fugir: e canta. Ele se deixa arrastar, mergulha no mar de sons, promessas e mortes dos seres mitológicos e emerge com o sabor do canto nos lábios. Ele traz, para nós, ouvintes, a tradução da experiência e do acontecimento.
Só desejo, o sujeito se despe de (pre)conceitos o consegue ouvir sobre o amor: que é o autocanto, ou melhor, o canto das conquistas de dentro. Depois disso, nada mais tem importância a não ser cantar: suspender ao máximo possível o seu momento de glória.
Em "Sinto encanto" o sujeito se embriaga nos mistérios do deus Dioniso, mas é "resgatado" por Apolo quando consegue organizar a experiência e cantar. O canto é a organização do pensamento e daquilo que o sujeito sente: encanto (mistério imenso).
O canto atravessa todas as camadas (in)conscientes do sujeito. Amplia sua percepção da vida: o som e o silêncio ganham equilíbrio significante profundo e intenso. O sujeito é pura canção, puro encantamento na busca da palavra e do som exatos para expressar aquilo que o coração não diz.
***
Sinto encanto
(Moska / Zélia Duncan)
Eu ouço sobre o amor
E me calo
Eu não quero
Nem saber
O que me espera
Eu acelero
Tomo um gole
Do que eu não conheço
E meu primeiro porre
Será um mistério imenso
Eu vim do avesso
Reverso do que é aceito
Ninguém sabe tudo
Nada é perfeito
Eu escuto fora
Com o ouvido de dentro
Eu me alimento
Do meu silêncio
E canto
Porque sinto encanto
Sinto e canto
(Moska / Zélia Duncan)
Eu ouço sobre o amor
E me calo
Eu não quero
Nem saber
O que me espera
Eu acelero
Tomo um gole
Do que eu não conheço
E meu primeiro porre
Será um mistério imenso
Eu vim do avesso
Reverso do que é aceito
Ninguém sabe tudo
Nada é perfeito
Eu escuto fora
Com o ouvido de dentro
Eu me alimento
Do meu silêncio
E canto
Porque sinto encanto
Sinto e canto
Nenhum comentário:
Postar um comentário