A figura da madrasta foi perpetuada na literatura infantil, a partir, principalmente, para nós, dos mitemas da história da Cinderela, como a "persona no grata" que surge para assaltar o lugar da mãe e finda por infernizar a vida do enteado.
Exageros e mitos a parte, não faltam piadas e histórias que reforçam a madrasta como uma pessoa má. De fato, tomando a mãe como aquela figura essencial que canta o mundo para o filho, a madrasta atravessa essa relação: ora para o bem, ora para o mal.
O filho, que sofre com a perda (afastamento) da mãe, seja pela morte desta, seja pela separação dos pais, ou por outro motivo, muitas vezes transfere o trauma e o recalque para a madrasta, "culpando-a" pela dor.
A canção "Madrasta", de Renato Teixeira e Beto Ruschell, abre novas possibilidades da relação madrasta-enteado. O sujeito canta a felicidade de receber a nova (e estrangeira) figura em casa: onde ela ocupará lugar central.
A forma mas sincera, no entanto, de demonstrar as boas vindas e o afeto o sujeito encontra nos versos: "Minha madrasta bem vinda na varanda, onde me escondo dos medos na paz que ofereço a você". Ou seja, ele leva a madrasta para dentro do lugar mais secreto: a varanda - espaço seguro (esfera protetora) de onde ele pode ver a paisagem ao redor, perto e ao longe.
Cansado de andar só na vida, afinal todos nós precisamos de alguém que nos cante (e importa dizer que em nenhum momento ele se refere à ausência da mãe, o que aponta a sensibilidade diante da nova figura que chega), o sujeito se deixa amar e ama também. No "por aqui" final, o sujeito parece dizer: "entre, aqui é seu lugar".
"Madrasta" é uma canção difícil de ser cantada: ela é toda semitonada, cantada no intervalo entre uma nota e outra. A bonita interpretação de Roberto Carlos (O inimitável, 1968), com alongamentos vocálicos e segmentação das sílabas, redimensiona a paixão do instante em que a madrasta chega e aponta promessas de sol do novo dia.
Exageros e mitos a parte, não faltam piadas e histórias que reforçam a madrasta como uma pessoa má. De fato, tomando a mãe como aquela figura essencial que canta o mundo para o filho, a madrasta atravessa essa relação: ora para o bem, ora para o mal.
O filho, que sofre com a perda (afastamento) da mãe, seja pela morte desta, seja pela separação dos pais, ou por outro motivo, muitas vezes transfere o trauma e o recalque para a madrasta, "culpando-a" pela dor.
A canção "Madrasta", de Renato Teixeira e Beto Ruschell, abre novas possibilidades da relação madrasta-enteado. O sujeito canta a felicidade de receber a nova (e estrangeira) figura em casa: onde ela ocupará lugar central.
A forma mas sincera, no entanto, de demonstrar as boas vindas e o afeto o sujeito encontra nos versos: "Minha madrasta bem vinda na varanda, onde me escondo dos medos na paz que ofereço a você". Ou seja, ele leva a madrasta para dentro do lugar mais secreto: a varanda - espaço seguro (esfera protetora) de onde ele pode ver a paisagem ao redor, perto e ao longe.
Cansado de andar só na vida, afinal todos nós precisamos de alguém que nos cante (e importa dizer que em nenhum momento ele se refere à ausência da mãe, o que aponta a sensibilidade diante da nova figura que chega), o sujeito se deixa amar e ama também. No "por aqui" final, o sujeito parece dizer: "entre, aqui é seu lugar".
"Madrasta" é uma canção difícil de ser cantada: ela é toda semitonada, cantada no intervalo entre uma nota e outra. A bonita interpretação de Roberto Carlos (O inimitável, 1968), com alongamentos vocálicos e segmentação das sílabas, redimensiona a paixão do instante em que a madrasta chega e aponta promessas de sol do novo dia.
***
Madrasta
(Renato Teixeira / Beto Ruschell)
Minha madrasta bem vinda no caminho
Onde andaremos os três
Nós já podemos dizer
Nossa casa, e o vale verde
Que se dá por trás dessas janelas
Será minha maneira mais sincera de lhe ver
Minha madrasta bem vinda na varanda
Onde me escondo dos medos
Na paz que ofereço a você
Nossa casa, aceite o afeto
De quem sempre andou tão só na vida
Que seja o nosso encontro
O ponto, o sol de um novo dia
Minha madrasta bem vinda por aqui
(Renato Teixeira / Beto Ruschell)
Minha madrasta bem vinda no caminho
Onde andaremos os três
Nós já podemos dizer
Nossa casa, e o vale verde
Que se dá por trás dessas janelas
Será minha maneira mais sincera de lhe ver
Minha madrasta bem vinda na varanda
Onde me escondo dos medos
Na paz que ofereço a você
Nossa casa, aceite o afeto
De quem sempre andou tão só na vida
Que seja o nosso encontro
O ponto, o sol de um novo dia
Minha madrasta bem vinda por aqui
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