Ah, se a vida fosse diferente; se todos os sonhos virassem realidade; se as relações interpessoais fossem perfeitas (mesmo que nem saibamos o que seja perfeição); se a pessoa amada voltasse em três minutos (depois de uma briga); se tivéssemos escolhido caminhos diferentes; se aquela canção tocasse na hora certa... Mas não é assim. Talvez, por isso, precisamos tanto da ficção: da vida mais real.
O "se", de certa forma, é aquilo que, não tendo sido consumido (e consumado), impulsiona o indivíduo para frente. Ou seja, podemos tomar o "se" como um estímulo para continuar na busca da realização do desejo.
Porém, o "se" pode também servir de entrave, caso o indivíduo pare: remoendo aquilo que não foi (chafurdando em sobras de sonhos) sem perceber as possibilidades do que pode ser e está sendo. O "se" pode ser, portanto, um olhar para frente ou para trás, ou mais.
O "Se" criado por Djavan (Coisa de acender, 1992) canta uma relação amorosa que pode ser feliz, mas, como toda relação depende de (no mínimo) dois, o sujeito fica esperando (questionando) uma posição do outro.
Amar, por mais batida que esta expressa possa ser, é correr riscos. Nunca sabemos, ao certo, o quanto o outro gosta de nós. Assim como não sabemos precisar o nosso gostar pelo outro. O sujeito de "Se" caminha sobre a navalha: aquele risco que acende a coisa toda do afeto.
Entre o sim e o não, o outro, da canção, prefere o talvez (o se): perturbando o juízo do sujeito, que, com a ajuda do santo guerreiro, conclui: "quer saber? quando é assim, deixa vir do coração". O negócio é se entregar e ver no que dá: se dá ou não.
De noite na cama, enquanto o sujeito queima de desejo, o outro quer dormir. As imagens (metáforas) que Djavan lança na letra, unidas à melodia malemolente, estabelecem o clima de desejo, convite e dificuldade: o embate erótico noturno.
O convite, claro, é para que o outro, assim como o sujeito, "solte a louca e arda de paixão": façamos, vamos amar - me deixa gozar e goze junto. Largue a mão do não; desça do muro: diga sim a nós.
Porém, o "se" pode também servir de entrave, caso o indivíduo pare: remoendo aquilo que não foi (chafurdando em sobras de sonhos) sem perceber as possibilidades do que pode ser e está sendo. O "se" pode ser, portanto, um olhar para frente ou para trás, ou mais.
O "Se" criado por Djavan (Coisa de acender, 1992) canta uma relação amorosa que pode ser feliz, mas, como toda relação depende de (no mínimo) dois, o sujeito fica esperando (questionando) uma posição do outro.
Amar, por mais batida que esta expressa possa ser, é correr riscos. Nunca sabemos, ao certo, o quanto o outro gosta de nós. Assim como não sabemos precisar o nosso gostar pelo outro. O sujeito de "Se" caminha sobre a navalha: aquele risco que acende a coisa toda do afeto.
Entre o sim e o não, o outro, da canção, prefere o talvez (o se): perturbando o juízo do sujeito, que, com a ajuda do santo guerreiro, conclui: "quer saber? quando é assim, deixa vir do coração". O negócio é se entregar e ver no que dá: se dá ou não.
De noite na cama, enquanto o sujeito queima de desejo, o outro quer dormir. As imagens (metáforas) que Djavan lança na letra, unidas à melodia malemolente, estabelecem o clima de desejo, convite e dificuldade: o embate erótico noturno.
O convite, claro, é para que o outro, assim como o sujeito, "solte a louca e arda de paixão": façamos, vamos amar - me deixa gozar e goze junto. Largue a mão do não; desça do muro: diga sim a nós.
***
Se...
(Djavan)
Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz só que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se
Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não
Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz só que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se
Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não
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