"Samba de verão", de Paulo Sergio Valle e Marcos Valle, gravada por este no disco Braziliance: a música de Marcos Valle (1967), é um clássico que ajuda a esquentar o clima da estação dos corpos ao sol.
Dividida em duas partes, "Samba de verão", na primeira, tem o sujeito falando com um amigo, ou melhor, chamando a atenção do outro para ver a menina que passou: "você viu só que amor?".
Aqui, percebemos a sutileza da mistura daquilo que é falado com aquilo que é cantado: esta primeira parte da letra funciona, muito bem, como a fala de um indivíduo que, com outro (amigo), está "azarando" as garotas do Leme ao leblon.
Lida, sem acompanhamento instrumental, esta parte mostra a sofisticada captação da palavra falada coloquial e sua impressão na canção: na palavra cantada. É uma "fala" que pode ser ouvida, a qualquer instante e emitida por qualquer um, na orla carioca.
O sujeito, deslumbrado com a beleza da coisa mais linda, mais cheia de graça, que passou, nem parou, mas olhou só para ele, promete ao amigo (e a si) que, caso ela volte, ele tomará uma atitude em direção ao encontro erótico-afetivo: vai "dizer que o amor foi feitinho pra dar".
Ao final, descobrimos que o parceiro do sujeito na empreitada não é outro senão nós mesmos: os ouvintes. Ao dizer "falo só", o sujeito demonstra a irredutível solidão humana: é através do canto, do cenário montado, que ele chega ao outro: a nós. Que, por nossa vez, não conseguimos captar a beleza do instante, caso não fizermos o mergulho no mar que a menina carrega no olhar. A cumplicidade necessária entre cantor e ouvinte está aqui rascunhada: uma beleza.
Noutro plano, podemos inferir que o sujeito está "falando" com o sol, o mar: com o próprio verão que, com suas luminosas e quentes manhãs, proporciona a visão da menina motor da canção: do "samba de verão".
É na segunda parte que o sujeito se revela: entoa o canto do convite ao amor: "hoje sim, diz que sim, já cansei de esperar, nem parei, nem dormi, só pensando em me dar". Amar é dizer sim à vida: "façamos, vamos amar", sugere.
O samba de verão une, portanto, amizade (a "caça" compartilhada entre o sujeito e o ouvinte) e o amor (o canto da beleza da menina, que tem seu caminhar figurativizado pela melodia cíclica e malemolente): enche os dias de sol com mais azul, mais luz, como o verão: quente o coração.
Aqui, percebemos a sutileza da mistura daquilo que é falado com aquilo que é cantado: esta primeira parte da letra funciona, muito bem, como a fala de um indivíduo que, com outro (amigo), está "azarando" as garotas do Leme ao leblon.
Lida, sem acompanhamento instrumental, esta parte mostra a sofisticada captação da palavra falada coloquial e sua impressão na canção: na palavra cantada. É uma "fala" que pode ser ouvida, a qualquer instante e emitida por qualquer um, na orla carioca.
O sujeito, deslumbrado com a beleza da coisa mais linda, mais cheia de graça, que passou, nem parou, mas olhou só para ele, promete ao amigo (e a si) que, caso ela volte, ele tomará uma atitude em direção ao encontro erótico-afetivo: vai "dizer que o amor foi feitinho pra dar".
Ao final, descobrimos que o parceiro do sujeito na empreitada não é outro senão nós mesmos: os ouvintes. Ao dizer "falo só", o sujeito demonstra a irredutível solidão humana: é através do canto, do cenário montado, que ele chega ao outro: a nós. Que, por nossa vez, não conseguimos captar a beleza do instante, caso não fizermos o mergulho no mar que a menina carrega no olhar. A cumplicidade necessária entre cantor e ouvinte está aqui rascunhada: uma beleza.
Noutro plano, podemos inferir que o sujeito está "falando" com o sol, o mar: com o próprio verão que, com suas luminosas e quentes manhãs, proporciona a visão da menina motor da canção: do "samba de verão".
É na segunda parte que o sujeito se revela: entoa o canto do convite ao amor: "hoje sim, diz que sim, já cansei de esperar, nem parei, nem dormi, só pensando em me dar". Amar é dizer sim à vida: "façamos, vamos amar", sugere.
O samba de verão une, portanto, amizade (a "caça" compartilhada entre o sujeito e o ouvinte) e o amor (o canto da beleza da menina, que tem seu caminhar figurativizado pela melodia cíclica e malemolente): enche os dias de sol com mais azul, mais luz, como o verão: quente o coração.
***
Samba de verão
(Paulo Sergio Valle / Marcos Valle)
Você viu só que amor
Nunca vi coisa assim
E passou, nem parou
Mas olhou só pra mim
Se voltar vou atrás
Vou pedir, vou falar
Vou dizer que o amor
Foi feitinho prá dar
Olha, é como o verão
Quente o coração
Salta de repente
Para ver
A menina que vem
Ela vem sempre tem
Esse mar no olhar
E vai ver, tem que ser
Nunca tem quem amar
Hoje sim, diz que sim
Já cansei de esperar
Nem parei, nem dormi
Só pensando em me dar
Peço, mas você não vem
Bem, Deixo então
Falo só
Digo ao céu
Mas você vem
Deixo então
Falo só
Digo ao céu
Mas você vem
(Paulo Sergio Valle / Marcos Valle)
Você viu só que amor
Nunca vi coisa assim
E passou, nem parou
Mas olhou só pra mim
Se voltar vou atrás
Vou pedir, vou falar
Vou dizer que o amor
Foi feitinho prá dar
Olha, é como o verão
Quente o coração
Salta de repente
Para ver
A menina que vem
Ela vem sempre tem
Esse mar no olhar
E vai ver, tem que ser
Nunca tem quem amar
Hoje sim, diz que sim
Já cansei de esperar
Nem parei, nem dormi
Só pensando em me dar
Peço, mas você não vem
Bem, Deixo então
Falo só
Digo ao céu
Mas você vem
Deixo então
Falo só
Digo ao céu
Mas você vem
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