"Pros que estão em casa" é uma mensagem (de náufrago) para os que estão dentro de suas cascas (cavernas) existenciais. Espaço onde o sol não entra, pois as janelas estão fechadas e, ressacados (de vida) os olhos se tornaram sensíveis demais ao brilho.
O sujeito passou a noite esperando por um telefonema que não veio (nem mesmo um sinal de fumaça). Ele busca subterfúgios para lidar com o fato do (auto)abandono - não tomar café, nem escovar os dentes. Ele canta a si mesmo, na esperança de que o amor dê em alguma coisa (ao menos o eriço das sobrancelhas - metáfora arrebatadora). Ou seja, de que suas investidas fora da caverna não sejam em vão.
O sol queima na praça, mas o sujeito, sem graça, fica recolhido em sua (in)significância, pois não reconhece nas imagens (sombras) que lhe aparecem nas paredes pardacentas qualquer vestígio de vida mais real. Frente ao tempo que não para - Bom dia, boa tarde, good night - a fuga; o deslizamento para regiões internas. Sempre para dentro.
O timbre (quase) operístico da voz de Toni Platão empresta a dicção grandiloquente que a gravação (Pros que estão em casa, 2009) precisa para cantar este sujeito que finda por ir indo tendo aguardentes e tapas para sustentar sua viagem ao centro de si.
O sol queima na praça, mas o sujeito, sem graça, fica recolhido em sua (in)significância, pois não reconhece nas imagens (sombras) que lhe aparecem nas paredes pardacentas qualquer vestígio de vida mais real. Frente ao tempo que não para - Bom dia, boa tarde, good night - a fuga; o deslizamento para regiões internas. Sempre para dentro.
O timbre (quase) operístico da voz de Toni Platão empresta a dicção grandiloquente que a gravação (Pros que estão em casa, 2009) precisa para cantar este sujeito que finda por ir indo tendo aguardentes e tapas para sustentar sua viagem ao centro de si.
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Pros que estão em casa
(Rômulo Portella / Flávio Murrah)
Até bem cedo
Esperei pelo telefonema
Tapando com peneira
O sol que vai nascendo
Não vou tomar café
Nem escovar os dentes
Vou de aguardente
Como o sol que queima a praça
Bom dia, boa tarde
Good night, quero dar um tapa
De topete e cara
Vi Nova York internada
E meu amor nao deu em nada
Nem sobrancelhas eriçadas
E a essa altura do fato
Nem fumaça tem cano de descarga
Pros que estão em casa
(Rômulo Portella / Flávio Murrah)
Até bem cedo
Esperei pelo telefonema
Tapando com peneira
O sol que vai nascendo
Não vou tomar café
Nem escovar os dentes
Vou de aguardente
Como o sol que queima a praça
Bom dia, boa tarde
Good night, quero dar um tapa
De topete e cara
Vi Nova York internada
E meu amor nao deu em nada
Nem sobrancelhas eriçadas
E a essa altura do fato
Nem fumaça tem cano de descarga
4 comentários:
Boa Leonardo, gostei muito da abordagem da boa música, oriunda dos "eighties".
Só entende quem tá drogado. Mesmo assim é um musicaço! Dos 90 pra frente...só vômito e lixo.
Linda canção. Um hino, verdadeira arte que provoca e inquieta a gente.
Parece que o ser em questão está em depressão
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