"Quando foi lançada, o que mais chamou a atenção na poesia concreta foi o aspecto visual, mas tudo começou com música", afirma Augusto de Campos, um dos inventores.
A Poesia Concreta começou com música, pela ênfase no canto não "operístico" e pela substituição da declamação pelo que os concretistas chamaram de oralização. E a informação musical formou a poesia que pretendia ser “verbivocovisual”.
O fato é que as inovações da Poesia Concreta fizeram (e fazem) a cabeça sonora de vários cancionistas. Eles (e entre eles Adriana Calcanhotto se destaca) mostram que Poesia Concreta pode sim ser ouvida, falada ou cantada.
"Sem saída" (poema de Augusto, musicado por Cid Campos) está no disco Maré (2008), de Adriana. O poema (vide vídeo) apresenta um embaralhado de versos, identificados por cores individuais. Tal recurso desdobra a ideia de impossibilidade de saída. As curvas (que encantam o olhar) arrastam o fruidor para um labirinto de cor e imagem.
O sujeito parece desencantado com a existência (a estrada é muito comprida, não posso voltar atrás, nunca saí do lugar). Porém, "curvam enganam o olhar" e são a possível saída - o avesso.
A saída, portanto, está em encarar a (des)orientação estabelecida pelas curvas. Se elas fazem o sujeito se perder no labirinto, elas permitem que este sujeito se desdobre para dentro de si - se encontrando e encontrando a saída almejada.
A estrada "sem saída" é desenhada por curvas e, se "curvas enganam o olhar", a saída é uma questão de perspectiva.
A melodia iconiza a peleja do sujeito e a voz de Adriana (suave e terna) ilumina o cansaço de quem andou e não saiu do lugar.
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O poema na interpretação de Cid Campos (Fala da palavra, 2004):
A Poesia Concreta começou com música, pela ênfase no canto não "operístico" e pela substituição da declamação pelo que os concretistas chamaram de oralização. E a informação musical formou a poesia que pretendia ser “verbivocovisual”.
O fato é que as inovações da Poesia Concreta fizeram (e fazem) a cabeça sonora de vários cancionistas. Eles (e entre eles Adriana Calcanhotto se destaca) mostram que Poesia Concreta pode sim ser ouvida, falada ou cantada.
"Sem saída" (poema de Augusto, musicado por Cid Campos) está no disco Maré (2008), de Adriana. O poema (vide vídeo) apresenta um embaralhado de versos, identificados por cores individuais. Tal recurso desdobra a ideia de impossibilidade de saída. As curvas (que encantam o olhar) arrastam o fruidor para um labirinto de cor e imagem.
O sujeito parece desencantado com a existência (a estrada é muito comprida, não posso voltar atrás, nunca saí do lugar). Porém, "curvam enganam o olhar" e são a possível saída - o avesso.
A saída, portanto, está em encarar a (des)orientação estabelecida pelas curvas. Se elas fazem o sujeito se perder no labirinto, elas permitem que este sujeito se desdobre para dentro de si - se encontrando e encontrando a saída almejada.
A estrada "sem saída" é desenhada por curvas e, se "curvas enganam o olhar", a saída é uma questão de perspectiva.
A melodia iconiza a peleja do sujeito e a voz de Adriana (suave e terna) ilumina o cansaço de quem andou e não saiu do lugar.
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O poema na interpretação de Cid Campos (Fala da palavra, 2004):
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Sem saída (Augusto de Campos / Cid Campos)
A estrada é muito comprida
O caminho é sem saída
Curvas enganam o olhar
Não posso ir mais adiante
Não posso voltar atrás
Levei toda a minha vida
Nunca saí do lugar
Sem saída (Augusto de Campos / Cid Campos)
A estrada é muito comprida
O caminho é sem saída
Curvas enganam o olhar
Não posso ir mais adiante
Não posso voltar atrás
Levei toda a minha vida
Nunca saí do lugar
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