Para N. Etrikin, "nossas relações com o lugar tornam-se elementos na construção de nossas identidades individuais e coletivas". Nossa experiência com os espaços diz muito daquilo que somos, já que os lugares oferecem suportes para os nossos sentimentos, atos e omissões se desenvolverem.
O efeito da música na paisagem cultural (e vice-versa) é tema ainda pouco estudado. Ora positiva, ora negativa, mas nunca neutra, a imagem da paisagem interfere sim na feitura da canção (letra, música e performance).
O poeta é geógrafo. Ele traduz (cria), por assim dizer, a paisagem. O sujeito de "Paisagem na janela" (Clube da esquina, 1972, de Lô Borges e Fernando Brant, explora o apoio e a segurança do espaço íntimo para ver (a cantar) a sua percepção do mundo. Do particular, ele canta o coletivo: cria um mundo ideal. As paisagens (pintadas/cantadas) pelo sujeito são ficções plasmadas do ambiente.
Como sabemos, o quarto de dormir, oferecendo certa estabilidade (pelo suposto domínio da intimidade), é ponto de visão privilegiado para observar o mundo: "Da janela o mundo até parece meu quintal", como canta Milton Nascimento.
A paisagem pode mentir, por isso "você não quis acreditar". Afinal, as paisagens são ficcionais, o mundo não é tão objetivamente dado como a paisagem tenta imprimir. Ou seja, toda paisagem é representação (e vice-versa): só há paisagem quando esta é percebida. E o que fazer com o visível? Eis um dos trabalhos do artista.
A paisagem mineira, sem dúvida, pode ser percebida na canção "Paisagem na janela": seja no famoso "jeitinho mineiro" de entoar, seja nas imagens cantadas. Márcio Borges, no livro Os sonhos não envelhecem - histórias do clube da esquina, que cartografa a atuação da trupe de Minas Gerais na paisagem do som brasileiro, aponta: "Fomos hospedados num hotel colonial (...) meu quarto ficava numa ala do velho casarão que dava para uma praça principal, enquanto o de Fernando tinha janelas que se abriam para uma igreja e o cemitério da cidade. Com toda certeza isso foi a inspiração".
O visível se completa no invisível: o sujeito da canção canta o mundo a fim de ampliar o poder de sua esfera protetora: o quarto de dormir (espaço privilegiado dos sonhos). Ele manda na paisagem que cria. Amparado na (e pela) janela lateral, o sujeito toca o mundo. Mundo que não é identificado pelo outro (que não acredita), já que as paisagens são lugares de identidade individual, muito embora as práticas de representação sejam um movimento da vontade na busca do outro.
O poeta é geógrafo. Ele traduz (cria), por assim dizer, a paisagem. O sujeito de "Paisagem na janela" (Clube da esquina, 1972, de Lô Borges e Fernando Brant, explora o apoio e a segurança do espaço íntimo para ver (a cantar) a sua percepção do mundo. Do particular, ele canta o coletivo: cria um mundo ideal. As paisagens (pintadas/cantadas) pelo sujeito são ficções plasmadas do ambiente.
Como sabemos, o quarto de dormir, oferecendo certa estabilidade (pelo suposto domínio da intimidade), é ponto de visão privilegiado para observar o mundo: "Da janela o mundo até parece meu quintal", como canta Milton Nascimento.
A paisagem pode mentir, por isso "você não quis acreditar". Afinal, as paisagens são ficcionais, o mundo não é tão objetivamente dado como a paisagem tenta imprimir. Ou seja, toda paisagem é representação (e vice-versa): só há paisagem quando esta é percebida. E o que fazer com o visível? Eis um dos trabalhos do artista.
A paisagem mineira, sem dúvida, pode ser percebida na canção "Paisagem na janela": seja no famoso "jeitinho mineiro" de entoar, seja nas imagens cantadas. Márcio Borges, no livro Os sonhos não envelhecem - histórias do clube da esquina, que cartografa a atuação da trupe de Minas Gerais na paisagem do som brasileiro, aponta: "Fomos hospedados num hotel colonial (...) meu quarto ficava numa ala do velho casarão que dava para uma praça principal, enquanto o de Fernando tinha janelas que se abriam para uma igreja e o cemitério da cidade. Com toda certeza isso foi a inspiração".
O visível se completa no invisível: o sujeito da canção canta o mundo a fim de ampliar o poder de sua esfera protetora: o quarto de dormir (espaço privilegiado dos sonhos). Ele manda na paisagem que cria. Amparado na (e pela) janela lateral, o sujeito toca o mundo. Mundo que não é identificado pelo outro (que não acredita), já que as paisagens são lugares de identidade individual, muito embora as práticas de representação sejam um movimento da vontade na busca do outro.
***
Paisagem na janela
(Lô Borges / Fernando Brant)
Da janela lateral do quarto de dormir
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo pássaro
Vejo uma grade, um velho sinal
Mensageiro natural de coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava deste temporal
Você não escutou
Você não quer acreditar
mas isto é tão normal
Você não quer acreditar
e eu apenas era
Cavaleiro marginal
lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvores
sem querer descanso nem dominical
Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
conheci as torres e os cemitérios
conheci os homens e os seus velórios
quando olhava da janela lateral
do quarto de dormir
(Lô Borges / Fernando Brant)
Da janela lateral do quarto de dormir
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo pássaro
Vejo uma grade, um velho sinal
Mensageiro natural de coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava deste temporal
Você não escutou
Você não quer acreditar
mas isto é tão normal
Você não quer acreditar
e eu apenas era
Cavaleiro marginal
lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvores
sem querer descanso nem dominical
Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
conheci as torres e os cemitérios
conheci os homens e os seus velórios
quando olhava da janela lateral
do quarto de dormir
14 comentários:
Muito legal sua análise. Sou arquiteto e achei bacana sua visão sobre paisagem relacionando com o individual e o coletivo. Adoro essa música.
Cara, o legal da arte é realmente isto: cada um interpreta à sua maneira.
Eu já vejo que há uma nítida crítica à religião e o modo como as pessoas a encaram. Na música há um "diálogo" entre uma pessoa inocente que acredita nas pregações religiosas e outra bem mais experiente e que sabe que isso muitas vezes é um engano.
A primeira pessoa da música (no sentido de primeira pessoa do singular) é alguém com vivência suficiente e com reflexões já consolidadas sobre o ser em si e os seus valores e que enxerga a igreja de uma forma paralela que a outra pessoa referida na canção. Daí ele ver “uma grade e um velho sinal" (vide a história da igreja católica e o seu passado de mortes (inquisição) e o poder do dinheiro, comum a todas as religiões), e ao mesmo tempo ver aquilo que inicialmente a igreja transparece, como o lugar de dar asas à sua fé e a parede branca como um lugar no qual você poderá escrever uma linda história para a sua vida. Essa primeira pessoa é alguém que acredita nas coisas naturais e mais orgânicas da vida, sem apego à religião, principalmente as pessoas que estão por trás delas. A frase “lavado em ribeirão”, além de fazer alusão ao aspecto natural e orgânico (água), refere-se ao batismo bíblico feito no rio Jordão, que é a porta de entrada para a pessoa na religião.
A frase cavaleiro marginal reforça a visão paralela da vida da primeira pessoa, ao mesmo tempo em que tem o sentido dúbio de se referir a marginal, adjetivo com que é tratada a pessoa que não obedece aos ditames impostos pela religião.
Ao final ele diz que é normal o seu interlocutor não acreditar em coisas mais naturais e de gente com gabarito sobre os acontecimentos da vida, sendo preferível acreditar nos mitos de homens que só fazem enganar.
Bem, respeitando todas as opiniões contrárias, esse é o meu ponto de vista.
Achei interessante a análise que vi no ggogle respostas (da Taynah Bertolino Ribeiro):
Esta música foi escrita no período da Ditadura Militar. Me parece uma pessoa que está presa! Perceba a primeira parte:
Da janela lateral do quarto de dormir (em nenhum momento ele diz que é o quarto dele, e sim apenas um lugar onde ele dorme)
Vejo uma igreja, um sinal de glória (a esperança dele sair salvo)
Vejo um muro branco e um vôo pássaro (muro da cadeia, o passaro seria a liberdade)
Vejo uma grade, um velho sinal (a grade!!!... da cadeia!)
Mensageiro natural de coisas naturais (Aqui seria a mídia, a imprensa, que foi censurada)
Quando eu falava dessas cores mórbidas (o clima pesado)
Quando eu falava desses homens sórdidos (os militares, torturadores)
Quando eu falava desse temporal (do caos que o país vivia)
Você não escutou (não escutou porque havia a censura! portanto nada podia se falar)
Você não quer acreditar (custa acreditar nos absurdos daquela época, e infelizmente era "normal", ou seja, comum)
Mas isso é tão normal
Você não quer acreditar
E eu apenas era
Cavaleiro marginal lavado em ribeirão (cavaleiro, aquele que lutava por um ideal, dai o motivo por estar preso!)
Cavaleiro negro que viveu mistérios (as reunioes contra o regime tinham q ser escondidas)
Cavaleiro e senhor de casa e árvores (pai de familia)
Sem querer descanso nem dominical (ele não ia sossegar enquanto nao conseguisse a democracia)
Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
Conheci as torres e os cemitérios (torres=cadeias, cemiterios pois muitas pessoas eram assassinadas)
Conheci os homens e os seus velórios
Quando olhava da janela lateral (acredito que muitas pessoas eram mortas na frente de outros presos para que servissem de intimidação, por isso ele assistia "da janela lateral")
Do quarto de dormir
Neurose pura essa sobre ditadura!
Neurose pura essa sobre ditadura!
Gostei muito sobre a música pelo aspecto da ditadura militar. Foi o mais coerente e mais fácil de perceber após explicação.
As duas muito boas
De todas as explicações sobre o significafo da letra, a do Anônimo me pareceu a mais adequada. Mas cada um interpreta como achar melhor.
"(...)"Paisagem na janela", de cuja história Fernando se recorda muito bem: "A história dessa música começou na casa dos meus pais, em Belo Horizonte. As pessoas acham que ela foi feita com base em paisagens de Diamantina ou aqui na minha casa, no bairro Cachoeirinha, mas é no bairro Funcionários, em Belo Horizonte mesmo. A janela lateral da letra está lá e a igreja que eu via era a Igreja de Lourdes".
A censura era uma preocupação dos letristas no início da década de 70 e Fernando tinha que encontrar formas de driblá-la: "'Ao que vai nascer' teve problema com a censura, mas 'San Vicente' passou batido. O Bituca fala que, por causa dessa música, a casa dele virou uma espécie de consulado latino-americano da música. A letra dela fala da América Latina e de tudo que acontecia por lá, mas eu consegui colocar de uma maneira mais amena. Já 'Ao que vai nascer' tinha uma parte em que eu falava algo como o 'Brasil é o país do futuro'. O próprio pessoal da Odeon me aconselhou mudar e eu mudei, mas consegui passar a mensagem assim mesmo"." (Trecho do livro Coração Americano, organizado por Andreia Estanislau) Fica claro pela própria declaração de Fernando Brant que a música trata mesmo de uma paisagem mineira, mas com certeza havia uma oi outra menção aos tempos difíceis da ditadura militar, assim como em quase todas as composições do disco.
Não há nada de crítica à religião nesta canção.
O músico Givas Demore fez uma brilhante análise desta canção....
Análise da música Paisagem na janela de 1972
Por Givas Demore
Paisagem na janela
(Lô Borges / Fernando Brant)
Essa canção faz parte do álbum clube da esquina, lançado pela EMI-Odeon em 1972. Brant integrava o clube da esquina, como letrista... Quando essa canção foi lançada ele tinha cerca de 26 anos. Ela é fruto de uma parceria entre Lô Borges e Fernando Brant. A melodia é de L. Borges e a letra de F. Brant.
”Da janela lateral do quarto de dormir
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo pássaro
Vejo uma grade, um velho sinal”
Fernando Brant, autor da letra, relembra, segundo a revista folha de São Paulo, 8 de abril 2002: "Compus essa música quando ainda morava na casa dos meus pais, em Belo Horizonte”.
Brant faz uso da metalinguagem para falar de si mesmo dentro da canção. A canção é reflexo da realidade de Minas Gerais vivida pelo compositor, que era jornalista/repórter da revista “O cruzeiro” (de 1969), aos 22 anos.
Brant revela que esses primeiros versos são resultado de sua observação do quarto de sua casa no bairro dos funcionários em BH. No seu ambiente de descanso e relaxamento, ele vê: uma igreja — que segundos sua afirmação é símbolo cristão, sinal que remete a Deus. Era a igreja de Lourdes —; um muro, pássaros voando, uma grade — que pode ser da janela — e; um velho sinal.
Brant se revela como observador que vê, contempla e descreve a paisagem urbana. Toda a composição é desenvolvida, supostamente, de dentro do seu quarto. A partir de seu quarto ele realiza narrativas e tece predicados, sobre si mesmo, que revelam sua percepção da vidar, do momento e da paisagem.
“Mensageiro natural de coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava deste temporal”
O autor faz uma autorreflexão sobre seu contexto, sobre a sociedade e a realidade da época (1972). Aqui começa a imaginação, a recordação e a narração metafórica.
Brant era repórter da revista “O cruzeiro”. Uma das mais importantes do Brasil e da América latina. Essa revista lhe propiciou contato com as mais diversas realidades.
Brant se coloca como mensageiro (repórter e letrista) das coisas que acontecem na vida cotidiana. Para ele, ser mensageiro, é algo nato dada sua profissão e seu amor pelo jornalismo, pela poesia e música. Ele é o mensageiro que fala a todos que “escutam” através de suas reportagens e de suas músicas.
(...)
Continuação...
Quando ele expressa: “quando eu falava”, é provável que o autor se referisse a sua atividade como jornalista, como letrista. Ele, como jornalista, é o mensageiro dos diversos acontecimentos que rodeavam sua vida: coisas ruins, homens ruis e marginalizados e eventos da natureza estão dentro do contexto do momento. Brant, ao falar de si como mensageiro natural, parece aceitar muito bem sua profissão.
Cores mórbidas e homens sórdidos podem fazer referência aos militares, governantes e ao contexto político de 1972, quando o Brasil vivia o regime militar que era visto pelo clube da esquina como algo terrível. Ressalta-se, assim, que temporais pode fazer referência a situação conflitante ocasionada pela ditadura militar.
“Você não escutou
Você não quer acreditar
mas isto é tão normal
Você não quer acreditar
e eu apenas era”
Através destes versos o autor revela sua preocupação social com a humanidade.
Os homens, por estarem tão acostumados à violência, fome e demais atribulações, já cauterizaram sua mente. São indiferentes e despreocupados. Brant, que é mensageiro, já falou e fala, mas não querem acreditar porque ele é um simples mensageiro natural, ao que parece.
“Cavaleiro marginal
lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvores
sem querer descanso nem dominical”
Brant ao falar, mesmo que os homens não escutem, é, segundo ele mesmo, apenas um cavaleiro marginal, ou seja, alguém que vive nessa realidade triste, agonizante, mas não faz parte dela. A palavra cavaleiro tem sentido poético, metafórico, e pode significar uma luta para, através das palavras, denunciar as mazelas dessa realidade.
Lavado em ribeirão denota o banho revigorante do cavaleiro que está em batalha. Brant se vê como um incansável cavaleiro que não descansa nem mesmo aos domingos. Ao se referir a si mesmo como cavaleiro negro o autor pode estar fazendo alusão ao fato de ter que compor suas músicas tendo que esconder suas convicções políticas devido a censura do regime militar.
Brant assume a ideia de ser um cavaleiro marginal, que vive à margem, negro por ter que se “esconder” e revelar que assim quer e deseja ser. Os mistérios podem ser as coisas que o autor viveu ao realizar seu trabalho como jornalista, sob a censura do regime militar. Pois sabe-se que durante o regime a atividade jornalística sofreu grande represália e pressão por parte dos militares que queriam controlar todo a aparelho midiático.
“Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
conheci as torres e os cemitérios
conheci os homens e os seus velórios
quando olhava da janela lateral
do quarto de dormir”
Ele é o cavaleiro que vive dentro dessa realidade de Minas Gerais, mas não faz parte dela, pois se coloca como marginal, revela que ele está imaginando, refletindo. A realidade é cruel. O autor revela que participa de fatos desagradáveis, mas que apesar de tudo se banha “no ribeirão” e não se deixa abater pelas mazelas da vida mineira e realidade do país. O autor não revela o que seria esse ribeirão que lhe revigora as forças.
Neste último verso Brant revela que, através da janela de seu quarto, ele vê as torres, os prédios, — pois o bairro dos funcionários, no qual ele morava, era um bairro em construção e abrigava os funcionários públicos de Minas — os habitantes. De sua janela era possível ver um cemitério, onde se realizavam velórios, obviamente. Tudo isso enquanto ele olhava da janela do seu quarto, da janela lateral.
Brant na janela do quarto lateral, quarto de dormir. A janela existe, mas a paisagem foi tomada pelas grandes torres, edifícios e etc.
“O que nos força a pensar é o signo. O signo é objeto de um encontro; mas é precisamente a contingência do encontro que garante a necessidade daquilo que ele faz pensar. O ato de pensar não decorre de uma simples possibilidade natural; ele é, ao contrário, a única criação verdadeira. A criação é a gênese do ato de pensar no próprio pensamento”. Gilles Deleuze
Ao citar este texto, por favor, citar o autor.
Tenho certeza que esta é a análise correta. Sem nenhuma dúvida eles falam de presos politicos durante a ditadua militar. Parabéns pela brilhante análise!
Cada um interpreta como quer,e depois dizem que só Djavan faz letras ''sem sentido'',não são letras sem sentido,o problema é ter sentidos-demais,rs.
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