Para Carlindo Ferreira
Há momentos em que é preciso aprender a ser só e a só ser. Tais momentos parecem aproximar-nos de nós mesmos, de nossas idiossicrasias, inícios, fins e meios. Em um mundo cada vez mais barulhento, esse tipo de solidão (há muitos tipos de solidão) aparece como um oásis distante. Esta solidão dói e estamos sempre buscando afastar (ludibriar) a dor (aspirinas surgem à mancheia) sem antes entender seu sentido.
Há momentos em que é preciso aprender a ser só e a só ser. Tais momentos parecem aproximar-nos de nós mesmos, de nossas idiossicrasias, inícios, fins e meios. Em um mundo cada vez mais barulhento, esse tipo de solidão (há muitos tipos de solidão) aparece como um oásis distante. Esta solidão dói e estamos sempre buscando afastar (ludibriar) a dor (aspirinas surgem à mancheia) sem antes entender seu sentido.
Longe de apontar para uma individuação, ao contrário, penso que esta solidão conecta o sujeito com sua humanidade, portanto, com o emaranhado de pares ao redor. Ou seja, é um mergulho que se desdobra para dentro e para fora.
"Dança da solidão", de Paulinho da Viola (A dança da solidão, 1972), tematiza o mergulho no labirinto de labirintos em que o sujeito penetra quando percebe sua condição humana (danço eu dança você) de ser sozinho, seja em seus sentidos, seja em seus pensamentos.
O sujeito criado por Paulinho, desiludido, sem ter um canto exterior, canta a sua própria amargura (o beijo amargo nos dentes de chumbo cruéis de seu estado). Obviamente, não sabemos (ao certo) lidar com a solidão (que possibilita observar melhor as coisas).
Solidão nem sempre rima com solidez. O sujeito temeroso com seu próprio destino lembra daqueles que, desiludidos, perdem a fé na realidade (que é sempre ficcional) e tentam a morte. Mas, no turbilhão de sensações pesadas, ele vislumbra que solidão é apenas uma palavra. Descobre, cantando a lua (musa dos solitários), que ele pode dançar com com a solidão, fazer dela seu par criativo, fazer do limão uma limonada.
A palavra "solidão" dança (se espalha como a lava que cobre tudo) ao longo da canção. Parceira do sujeito, incentiva torneios, piruetas e certezas (antes) impensadas. Como o fato de que "apesar de tudo existe uma fonte de água pura, quem beber daquela água não terá mais amargura".
"Dança da solidão", de Paulinho da Viola (A dança da solidão, 1972), tematiza o mergulho no labirinto de labirintos em que o sujeito penetra quando percebe sua condição humana (danço eu dança você) de ser sozinho, seja em seus sentidos, seja em seus pensamentos.
O sujeito criado por Paulinho, desiludido, sem ter um canto exterior, canta a sua própria amargura (o beijo amargo nos dentes de chumbo cruéis de seu estado). Obviamente, não sabemos (ao certo) lidar com a solidão (que possibilita observar melhor as coisas).
Solidão nem sempre rima com solidez. O sujeito temeroso com seu próprio destino lembra daqueles que, desiludidos, perdem a fé na realidade (que é sempre ficcional) e tentam a morte. Mas, no turbilhão de sensações pesadas, ele vislumbra que solidão é apenas uma palavra. Descobre, cantando a lua (musa dos solitários), que ele pode dançar com com a solidão, fazer dela seu par criativo, fazer do limão uma limonada.
A palavra "solidão" dança (se espalha como a lava que cobre tudo) ao longo da canção. Parceira do sujeito, incentiva torneios, piruetas e certezas (antes) impensadas. Como o fato de que "apesar de tudo existe uma fonte de água pura, quem beber daquela água não terá mais amargura".
***
Dança da solidão (Paulinho da Viola)
Solidão é lava
que cobre tudo
amargura em minha boca
sorri seus dentes de chumbo
Solidão, palavra
cavada no coração
resignado e mudo
no compasso da desilusão
Desilusão, desilusão
Danço eu danço você
na dança da solidão
Carmélia ficou viúva
Joana se apaixonou
Maria tentou a morte
por causa do seu amor
Meu pai sempre me dizia
meu filho tome cuidado
quando penso no futuro
não esqueço meu passado
Quando chega a madrugada
meu pensamento vagueia
corro os dedos na viola
contemplando a lua cheia
Apesar de tudo existe
uma fonte de água pura
quem beber daquela água
não terá mais amargura
Dança da solidão (Paulinho da Viola)
Solidão é lava
que cobre tudo
amargura em minha boca
sorri seus dentes de chumbo
Solidão, palavra
cavada no coração
resignado e mudo
no compasso da desilusão
Desilusão, desilusão
Danço eu danço você
na dança da solidão
Carmélia ficou viúva
Joana se apaixonou
Maria tentou a morte
por causa do seu amor
Meu pai sempre me dizia
meu filho tome cuidado
quando penso no futuro
não esqueço meu passado
Quando chega a madrugada
meu pensamento vagueia
corro os dedos na viola
contemplando a lua cheia
Apesar de tudo existe
uma fonte de água pura
quem beber daquela água
não terá mais amargura
2 comentários:
Grande Leo, esse é o meu favorito do Paulinho, comprei finalmente o CD, que estava bem difícil de achar.
@br@ço para ti!
Conheço um carioca, que você conhece melhor que eu, que gosta muito dessa música... Saudade de vocês dois. Sem planos de estar no Rio, minha Vida tem se dividido entre São Paulo e Vitória, estou feliz com a minha solidão dançante.
Fortes abraços
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