Lenda das sereias rainhas do mar, de Vicente, Dionel e Veloso, é uma ode a estes seres cuja missão (função) existencial é cantar os passantes. As sereias nos ensinam desde sempre o valor do canto terrível e fundamental à vida.
Terrível porque é um canto que nos situa no mundo e isso implica um mergulho para dentro de si: nas idiossincrasias, virtudes, bondades, erros, acertos, cicatrizes, feridas e perversidades; e fundamental porque urge que tenhamos certa individuação diante da massa também sedutora dos apelos do mundo.
Mas afinal não é isso que acontece quando ouvimos uma certa canção? Aquela canção que surge do nada e esclarece (comove) tudo? Daí a importância da diversidade de estilos, gostos e atitudes cancionais. Salve o cancionista popular brasileiro: tão diverso e de convivências pacificadas.
Como indivíduos expostos aos mais variados humores, precisamos de um leque grande de possibilidades de sereias e de canto. O canto da sereia equilibra, Homero já nos mostrou, com seu ardiloso Ulisses, o passado, o presente e o futuro do indivíduo cantado. No mundo empírico (real?) as mães desenpenham esta função sirênica: ao cantar o rebento desde o ventre - suprindo-o com palavras e melodias.
O filósofo Peter Sloterdijk, no livro Esferas I (primeira parte de sua lúcida trilogia das esferas) analisa e aponta que, seres essencialmente feitos para ser cantados, durante o processo de amadurecimento (enquanto aprendemos a ser adultos), fechamos os ouvidos - esfriamos. Mas estamos, mesmo sem admitir ou saber, sempre aptos ao canto do outro: de fato, necessitamos do canto alheio (e aqui reside a tal interdependência) para nos colocar no mundo, na vida.
No disco Marisa Monte, de 1989, Marisa canta os seres cantantes. Na letra há uma resposta amorosa: passado (a história delas que se confundem com o mistério do mar); presente (a paz semeada); e o futuro (o canto que eterniza). De cantoras a cantadas, as sereias são convidadas a brincar na areia: invadir fisicamente o mundo "real".
O sujeito da canção canta sobre o canto das sereias: compõe uma metacanção, um jogo erótico e estético embriagante. Aqui Oguntê, Marabô, Caiala, Oloxum, Ynaê, Janaína, Yemanjá... se fazem presentes na voz sirênica de Marisa Monte e apontam a diversidade necessária à vida.
Mas afinal não é isso que acontece quando ouvimos uma certa canção? Aquela canção que surge do nada e esclarece (comove) tudo? Daí a importância da diversidade de estilos, gostos e atitudes cancionais. Salve o cancionista popular brasileiro: tão diverso e de convivências pacificadas.
Como indivíduos expostos aos mais variados humores, precisamos de um leque grande de possibilidades de sereias e de canto. O canto da sereia equilibra, Homero já nos mostrou, com seu ardiloso Ulisses, o passado, o presente e o futuro do indivíduo cantado. No mundo empírico (real?) as mães desenpenham esta função sirênica: ao cantar o rebento desde o ventre - suprindo-o com palavras e melodias.
O filósofo Peter Sloterdijk, no livro Esferas I (primeira parte de sua lúcida trilogia das esferas) analisa e aponta que, seres essencialmente feitos para ser cantados, durante o processo de amadurecimento (enquanto aprendemos a ser adultos), fechamos os ouvidos - esfriamos. Mas estamos, mesmo sem admitir ou saber, sempre aptos ao canto do outro: de fato, necessitamos do canto alheio (e aqui reside a tal interdependência) para nos colocar no mundo, na vida.
No disco Marisa Monte, de 1989, Marisa canta os seres cantantes. Na letra há uma resposta amorosa: passado (a história delas que se confundem com o mistério do mar); presente (a paz semeada); e o futuro (o canto que eterniza). De cantoras a cantadas, as sereias são convidadas a brincar na areia: invadir fisicamente o mundo "real".
O sujeito da canção canta sobre o canto das sereias: compõe uma metacanção, um jogo erótico e estético embriagante. Aqui Oguntê, Marabô, Caiala, Oloxum, Ynaê, Janaína, Yemanjá... se fazem presentes na voz sirênica de Marisa Monte e apontam a diversidade necessária à vida.
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Lenda das sereias rainhas do mar
(Vicente / Dionel / Veloso)
Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Ynaê
Janaina e Yemanjá
São rainhas do mar
Mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante
Olha o canto da sereia
Ialaó, oquê, ialoá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar
E o luar sorrindo
Então se encanta
Com as doces melodias
Os madrigais vão despertar
Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz, ela semeia
Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz, ela semeia
Toda a corte engalanada
Transformando o mar em flor
Vê o Império enamorado
Chegar à morada do amor
Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Ynaê
Janaina e Yemanjá
São rainhas do mar
(Vicente / Dionel / Veloso)
Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Ynaê
Janaina e Yemanjá
São rainhas do mar
Mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante
Olha o canto da sereia
Ialaó, oquê, ialoá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar
E o luar sorrindo
Então se encanta
Com as doces melodias
Os madrigais vão despertar
Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz, ela semeia
Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz, ela semeia
Toda a corte engalanada
Transformando o mar em flor
Vê o Império enamorado
Chegar à morada do amor
Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Ynaê
Janaina e Yemanjá
São rainhas do mar
2 comentários:
Achava que tinha assinado comentário em todas.
a voz da Marisa Monte casa com a melodia, deixando ela bem suave, sendo realmente o canto de uma sereia.
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