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12 março 2010

71. Toda bêbada canta

As apresentações de Sílvia Machete, por mais que sigam um roteiro elaborado previamente, podem ser curtidas como happenings. A espontaneidade (resultado de um peculiar domínio de palco) de Sílvia é tão singulares que cada show é um novo show.
Sílvia leva para suas performances a experiência que adquiriu mundo afora no picadeiro. Os malabares e bambolês, as palhaçadas e o trapézio são instrumentos de trabalho que Sílvia trouxe do circo e incorporou à sua canção safada, com disciplina, romantismo e muito bom humor.
Seu vestidinho vermelho indefectível, sua pomba graciosa e suas bolhas de sabão (entre outros elementos lúdicos) reafirmam a presença cênica da mulher que, bem afinada, dá voz a uma cantora bêbada que em flashback canta seus arrependimentos e glórias.
Aliás, o Bomb of love (2006) é um conjunto de canções simples, que atiram para vários gêneros, com melodias, na maioria, dengosas e letras para lá de maliciosamente intencionais.
Nem freira, nem puta, o sujeito de "Toda bêbada canta", de Sílvia Machete, condensa a mensagem de autoironia estilhaçada no disco. Afinal, quem melhor para falar de um amor mal sucedido (rindo de si mesmo, o que hoje em dia fica cada vez mais difícil com a pecha do politicamente corretíssimo) do que uma bêbada na rebordosa?
O corpo fala e o de Sílvia Machete canta muito e bem. O canto bêbado é o canto que se desdobra para dentro: critica e ri de si: é brega, é chique e é feliz.

***

Toda bêbada canta
(Sílvia Machete)

Cheguei em casa
toda descabelada
completamente arrependida
do que aconteceu

Tomei cachaça
e fumei que nem
maria fumaça
completamente arrependida
do que aconteceu

Não teve a menor graça
tudo isso eu sei que passa
mas nao passou

Eu não sou nenhuma santa
Toda bêbada canta

Um comentário:

Karoline disse...

essa musica diz muita coisa KKKKK
é a minha cara e cara de uma grande amiga minha Rebeca!
adoorei choro de rir, alem de ser uma composiçao muito engraçada fala a verdade uahoshaoshas