A feliz expressão "O Brasil não é só verde, anil e amarelo. O Brasil também é cor de rosa e carvão", da letra da canção "Seo Zé", de Carlinhos Brown, deu mote ao disco Verde anil amarelo cor de rosa e carvão (1994), de Marisa Monte.
Esta ideia de mistura, pluralidade e hibridação brasileiras atravessa o disco e, talvez, encontre o ápice intencional na canção "Esta melodia", de Bubú da Portela e Jamelão: exatamente por unir (carnavalizar) dois parceiros "concorrentes": um da Portela e o outro da Mangueira. Cada um arrastando uma tradição e, com a parceria, apontando as harmonias das diferenças.
Em "Esta doce melodia" o sujeito, desde a separação amorosa, só encontra consolo no canto. Através da "doce melodia", dada pelo ritmo imponderável da própria vida, o sujeito tenta se reinstalar no vida.
A voz de Marisa Monte sem acompanhamento melódico abre a canção evocando a tal "doce melodia" e aglutinando tudo que será dito (cantado) mais adiante. Quando o "Laiá laiá lalaiá" (que é a "doce melodia") começa, em coro - comunhão da voz do sujeito com as vozes que sustentam a canção existencial e sirênica (lindamente representadas pela Velha Guarda da Portela), o sujeito encontra seu consolo: conecta-se com o canto primordial para contar sua desesperança.
De fato, a canção imprime o lamento amoroso: do sujeito que tinha um alguém sempre a lhe esperar e, desde o dia em que que ela foi embora, traz a canção na memória. A canção (motivada pela insuportável ausência) presentifica aquele que não mais está ao lado do sujeito, mas que ainda lhe aquece, pela memória, a existência. A canção, por instantes, torna o insuportável suportável.
"Cantar é ter o coração daquilo" e o sujeito tem a amada a cada novo dia: no (re)começar infinito dos apelos diários. A memória lhe sustenta a canção e, por conseguinte, a vida.
"Esta doce melodia" vem do coração, atravessa os pulmões e esboça os ritmos da palavra cantada pelo sujeito. E não importa mais a significação daquilo que é dito - "Laiá laiá lalaiá" - e sim a voz reveladora do sujeito em contato com a vida.
Em "Esta doce melodia" o sujeito, desde a separação amorosa, só encontra consolo no canto. Através da "doce melodia", dada pelo ritmo imponderável da própria vida, o sujeito tenta se reinstalar no vida.
A voz de Marisa Monte sem acompanhamento melódico abre a canção evocando a tal "doce melodia" e aglutinando tudo que será dito (cantado) mais adiante. Quando o "Laiá laiá lalaiá" (que é a "doce melodia") começa, em coro - comunhão da voz do sujeito com as vozes que sustentam a canção existencial e sirênica (lindamente representadas pela Velha Guarda da Portela), o sujeito encontra seu consolo: conecta-se com o canto primordial para contar sua desesperança.
De fato, a canção imprime o lamento amoroso: do sujeito que tinha um alguém sempre a lhe esperar e, desde o dia em que que ela foi embora, traz a canção na memória. A canção (motivada pela insuportável ausência) presentifica aquele que não mais está ao lado do sujeito, mas que ainda lhe aquece, pela memória, a existência. A canção, por instantes, torna o insuportável suportável.
"Cantar é ter o coração daquilo" e o sujeito tem a amada a cada novo dia: no (re)começar infinito dos apelos diários. A memória lhe sustenta a canção e, por conseguinte, a vida.
"Esta doce melodia" vem do coração, atravessa os pulmões e esboça os ritmos da palavra cantada pelo sujeito. E não importa mais a significação daquilo que é dito - "Laiá laiá lalaiá" - e sim a voz reveladora do sujeito em contato com a vida.
***
Esta melodia
(Bubú da Portela / Jamelão
Quando vem rompendo o dia
Eu me levanto, começo logo a cantar
Esta doce melodia que me faz lembrar
Daquelas lindas noites de luar
Eu tinha um alguém sempre a me esperar
Desde o dia em que ela foi embora
Eu guardo esta canção na memória
Desde o dia em que ela foi embora
Eu guardo esta canção na memória
Laiá laiá lalaiá, laiá laiá lalaiá
Laiá laiá, lalaiá lalaiá, lalaiá laiá
Eu tinha esperança que um dia ela voltasse
Para a minha companhia
Deus deu resignação
Ao meu pobre coração
Não suporto mais tua ausência,
Já pedi a Deus paciência
(Bubú da Portela / Jamelão
Quando vem rompendo o dia
Eu me levanto, começo logo a cantar
Esta doce melodia que me faz lembrar
Daquelas lindas noites de luar
Eu tinha um alguém sempre a me esperar
Desde o dia em que ela foi embora
Eu guardo esta canção na memória
Desde o dia em que ela foi embora
Eu guardo esta canção na memória
Laiá laiá lalaiá, laiá laiá lalaiá
Laiá laiá, lalaiá lalaiá, lalaiá laiá
Eu tinha esperança que um dia ela voltasse
Para a minha companhia
Deus deu resignação
Ao meu pobre coração
Não suporto mais tua ausência,
Já pedi a Deus paciência
Um comentário:
Este é um dos melhores discos da nossa música,na minha nada modesta opinião.
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