Para José Mauro Brant
O disco As canções que você fez pra mim (1993), de Maria Bethânia, é uma grande homenagem da diva à obra de Roberto Carlos. Levando-se em conta que foi Bethânia quem chamou a atenção do irmão Caetano Veloso, em pleno período de eminência tropicalista, é possível supor, de antemão, o tratamento que as canções do rei receberam aqui.
O disco As canções que você fez pra mim (1993), de Maria Bethânia, é uma grande homenagem da diva à obra de Roberto Carlos. Levando-se em conta que foi Bethânia quem chamou a atenção do irmão Caetano Veloso, em pleno período de eminência tropicalista, é possível supor, de antemão, o tratamento que as canções do rei receberam aqui.
Bethânia, sempre responsável pelo repertório daquilo que canta, imprime sofisticação e vigor, sem deixar que o romantismo rasgado dos sujeitos das canções se perca. Há, e atravessa todo o disco, aquela beleza acesa por dentro, quando despertamos para o fato de que só o amor é real.
Há, no conjunto das canções escolhidas por Bethânia, uma aceitação desassossegada de tudo aquilo que o amor pode trazer e fazer, como a tal "alegria triste". O título do disco, portanto, não poderia ser outro: As canções que você fez pra mim, já que chama à atenção a sensação de que é um único sujeito que canta todas as canções: um sujeito que conta as conjunções e as disjunções amorosas e todo o processamento do amor em si: todo o sentimento que vai de si para o outro.
Deste modo, a canção "As canções que você fez pra mim", de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, é o coroamento (a recolha) dos inúmeros significantes espalhados ao longo do disco. Temos, aqui, uma canção que é feita sobre todas as outras canções: extraindo delas o que há de mais humano e passional.
Na sua tentativa de mostrar ao outro o estado de complexa dificuldade de adaptação no mundo, longe do outro, que lhe cantava a vida (promovia a individuação), o sujeito da canção recorta e cola (ouve: em si) fragmentos e reverberações das canções que o outro lhe compôs. Só assim a vida ainda é possível; só assim ele consegue, hoje, construir um canto para si: com os caquinhos de um velho mundo, que lhe significava a existência.
A estrutura formal da canção ajuda na recepção da mensagem: as rimas em pares de versos alternados tem, a cada final de estrofe, um corte rímico e rítmico, que tem eco no acompanhamento melódico, com uma pancada mais forte de percussão indicando a fissura, o corte que o próprio sujeito enfrenta na sua existência. E o refrão, emoldurado pelos instrumentos de cordas, é o retorno do sujeito à atual realidade: "agora eu choro só sem ter você aqui" para, com sua energia (seu canto), me manter suspenso no ar.
Há, no conjunto das canções escolhidas por Bethânia, uma aceitação desassossegada de tudo aquilo que o amor pode trazer e fazer, como a tal "alegria triste". O título do disco, portanto, não poderia ser outro: As canções que você fez pra mim, já que chama à atenção a sensação de que é um único sujeito que canta todas as canções: um sujeito que conta as conjunções e as disjunções amorosas e todo o processamento do amor em si: todo o sentimento que vai de si para o outro.
Deste modo, a canção "As canções que você fez pra mim", de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, é o coroamento (a recolha) dos inúmeros significantes espalhados ao longo do disco. Temos, aqui, uma canção que é feita sobre todas as outras canções: extraindo delas o que há de mais humano e passional.
Na sua tentativa de mostrar ao outro o estado de complexa dificuldade de adaptação no mundo, longe do outro, que lhe cantava a vida (promovia a individuação), o sujeito da canção recorta e cola (ouve: em si) fragmentos e reverberações das canções que o outro lhe compôs. Só assim a vida ainda é possível; só assim ele consegue, hoje, construir um canto para si: com os caquinhos de um velho mundo, que lhe significava a existência.
A estrutura formal da canção ajuda na recepção da mensagem: as rimas em pares de versos alternados tem, a cada final de estrofe, um corte rímico e rítmico, que tem eco no acompanhamento melódico, com uma pancada mais forte de percussão indicando a fissura, o corte que o próprio sujeito enfrenta na sua existência. E o refrão, emoldurado pelos instrumentos de cordas, é o retorno do sujeito à atual realidade: "agora eu choro só sem ter você aqui" para, com sua energia (seu canto), me manter suspenso no ar.
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As canções que você fez pra mim
(Erasmo Carlos / Roberto Carlos)
Hoje eu ouço as canções
que você fez pra mim
Não sei por que razão
tudo mudou assim
Ficaram as canções
e você não ficou
Esqueceu de tanta coisa
que um dia me falou
Tanta coisa que somente
entre nós dois ficou
Eu acho que você
já nem se lembra mais
É tão difícil
olhar o mundo e ver
o que ainda existe
Pois sem você
meu mundo é diferente
Minha alegria é triste
Quantas vezes você disse
que me amava tanto
Tantas vezes eu
enxuguei o seu pranto
E agora eu choro só
sem ter você aqui
(Erasmo Carlos / Roberto Carlos)
Hoje eu ouço as canções
que você fez pra mim
Não sei por que razão
tudo mudou assim
Ficaram as canções
e você não ficou
Esqueceu de tanta coisa
que um dia me falou
Tanta coisa que somente
entre nós dois ficou
Eu acho que você
já nem se lembra mais
É tão difícil
olhar o mundo e ver
o que ainda existe
Pois sem você
meu mundo é diferente
Minha alegria é triste
Quantas vezes você disse
que me amava tanto
Tantas vezes eu
enxuguei o seu pranto
E agora eu choro só
sem ter você aqui
Não sei se maria bethânia que praticamente inventou a MPB junto com elis regina em 65,devesse gravar músicas do rei da jovem guarda,o anti-MPB,mas essa música e esse arranjo ficou muito bem em sua voz.
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