Criar uma marca autoral (ser autor), em tempos de atravessamentos, misturas e hibridações, não é tarefa fácil. Aliás, como Michel Foucault questionou: o que é um autor? O pensador chegar à categoria "função autor", ou seja, uma série de operações realizadas por um indivíduo que, quando em contato com elas, o consumidor (fruidor) da obra reconhece seu "criador".
Enfim, termos e expressões se misturam e dão voltas em torno da ideia de que o autor é aquele que inventa algo: manipula os elementos do mundo, imprimindo uma marca própria (original).
De fato, existem cantores, mesmo os mais plurais, que, sempre que ouvimos a voz (ou a composição, no caso do cancionista), conseguimos identificar o "dono" daquela voz, ou daquela canção: o autor. Digo isso para entrar no universo sonoro de Rodrigo Maranhão: compositor e intérprete com forte gesto autoral.
O disco Passageiro (2010) confirma a vontade de Rodrigo (como qualquer artista) em firmar uma assinatura. A entoação lenta (algo brejeira, algo sertaneja) - com ligaduras de notas precisas - as letras com motivos simples (passageiro com olhar no mundo) e músicas que se encaixam com destreza no alcance de sua voz, e nas letras, reiteram a assinatura da obra de Rodrigo Maranhão.
"Sonho", de Rodrigo Maranhão, é canção que se autocanta. O sujeito da canção é a própria voz que canta: um sonho ou uma realidade? A dúvida é aprofundada tanto pelo fato do canto está sendo emitido de madrugada (hora "natural" do sono), quanto pelos índices da mensagem: segredos de uma rainha (do reisado?).
Um maracatu-baião gostoso - que remete o ouvinte à visão de uma folia (trupe) que passa (faceira) em alguma cidade do interior do Nordeste -, "Sonho" condensa a atmosfera do interior do indivíduo (mergulho em si) e do país.
"Sonho" é brisa que refresca a alma do indivíduo quente pela luta na fronteira entre sonho e verdade: a ficção.
De fato, existem cantores, mesmo os mais plurais, que, sempre que ouvimos a voz (ou a composição, no caso do cancionista), conseguimos identificar o "dono" daquela voz, ou daquela canção: o autor. Digo isso para entrar no universo sonoro de Rodrigo Maranhão: compositor e intérprete com forte gesto autoral.
O disco Passageiro (2010) confirma a vontade de Rodrigo (como qualquer artista) em firmar uma assinatura. A entoação lenta (algo brejeira, algo sertaneja) - com ligaduras de notas precisas - as letras com motivos simples (passageiro com olhar no mundo) e músicas que se encaixam com destreza no alcance de sua voz, e nas letras, reiteram a assinatura da obra de Rodrigo Maranhão.
"Sonho", de Rodrigo Maranhão, é canção que se autocanta. O sujeito da canção é a própria voz que canta: um sonho ou uma realidade? A dúvida é aprofundada tanto pelo fato do canto está sendo emitido de madrugada (hora "natural" do sono), quanto pelos índices da mensagem: segredos de uma rainha (do reisado?).
Um maracatu-baião gostoso - que remete o ouvinte à visão de uma folia (trupe) que passa (faceira) em alguma cidade do interior do Nordeste -, "Sonho" condensa a atmosfera do interior do indivíduo (mergulho em si) e do país.
"Sonho" é brisa que refresca a alma do indivíduo quente pela luta na fronteira entre sonho e verdade: a ficção.
***
Sonho
(Rodrigo Maranhão)
Vou cantar no calar da madrugada,
onde o tempo se esquece de seguir
Uma folha e uma gota derramada,
o desejo não cansa de pedir
Uma fantasia renovada
porque a tarde não pára de cair
Pra ver o rei e a rainha,
os segredos que ela tinha e eu guardei
Minha trupe vai levantar poeira,
todo dia eu tô de prontidão
Guardando o prazer da brincadeira,
e gratos por sua atenção
Revelamos aqui de mão primeira,
mas se é sonho ou verdade eu não sei não
Sonho
(Rodrigo Maranhão)
Vou cantar no calar da madrugada,
onde o tempo se esquece de seguir
Uma folha e uma gota derramada,
o desejo não cansa de pedir
Uma fantasia renovada
porque a tarde não pára de cair
Pra ver o rei e a rainha,
os segredos que ela tinha e eu guardei
Minha trupe vai levantar poeira,
todo dia eu tô de prontidão
Guardando o prazer da brincadeira,
e gratos por sua atenção
Revelamos aqui de mão primeira,
mas se é sonho ou verdade eu não sei não
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