A canção "O samba é meu dom", de Wilson das Neves e Paulo Cesar Pinheiro, parece ter sido feita para a voz de Pedro Miranda. Ainda como integrante do Grupo Semente, Pedro já mostrava as habilidades em tencionar na voz um sabor de tradição e de naturalidade (sempre) moderna inerente ao samba.
Para o sujeito da canção, o samba é instância de preservação da cultura (do boteco), mas mergulhada na certeza (e beleza) dos contatos renovadores: "Hello girl". E em Coisa com coisa (2006), Pedro reúne diferentes arcos para compor a íris do samba.
Há na voz de Pedro Miranda um desleixo intencional (próprio do sambista de bar) e uma inflexão malandra que nos remetem aos bambas que, não por acaso, são citados na letra de "O samba é meu dom": Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão, Roberto Silva, Sinhô, Gonga, Ciro, João Gilberto, Silas, Zinco, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão, Zé Fome, Herivelto, Marçal, Mirabeau, Henricão. Todos atravessam e marcam o registro vocal de Pedro Miranda: da rua e do salão.
E acrescento Clementina de Jesus de quem, mesmo que inconsciente, Pedro recolhe seus estratos sonoros. De fato, quando se ouve Pedro Miranda pela primeira vez, sem informações prévias, a impressão que se tem é a de que estamos ouvindo uma preta velha cantado um samba no terreiro de casa; ou um crioulo com passo de bamba que sobe a ladeira cantando à vida: sem pretensões, com simplicidade: "como se o vento soprasse pela boca, vindo do pulmão", e Pedro "ficasse ao lado pra escutar o vento jogando as palavras pelo ar", como sugere o sujeito de "O compositor me disse", de Gilberto Gil.
Deste modo, tendo o samba como dom, o sujeito imbrica melancolia, saudade e vontade-de-potência: se a tristeza é senhora, a alegria é a força maior que mantem o sujeito aceso e cantando: ele canta para viver e vive para cantar. "Se o amor é um mar, sou seu marinheiro", como diz o sujeito de "Chula cortada", de Roque Ferreira.
Forte e doce, cheio de tradição, o sujeito passeia (tal qual um cordão) pelo imaginário afetivo do ouvinte atento à história do samba e da canção brasileira: joga com a memória do ouvinte. Há um clima de antigamente; de país da delicadeza e de ingenuidade comoventes.
Ao assumir que o samba é seu dom, o sujeito reconhece a tradição e se posiciona na linha evolutiva. Ele reforça o pensamento noelrosiano de que "o samba nasce do coração". Ou seja, aprende-se a bater samba (de quadra, de enredo, de roda, de breque, de partido alto, samba canção) ao compasso do coração.
Há na voz de Pedro Miranda um desleixo intencional (próprio do sambista de bar) e uma inflexão malandra que nos remetem aos bambas que, não por acaso, são citados na letra de "O samba é meu dom": Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão, Roberto Silva, Sinhô, Gonga, Ciro, João Gilberto, Silas, Zinco, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão, Zé Fome, Herivelto, Marçal, Mirabeau, Henricão. Todos atravessam e marcam o registro vocal de Pedro Miranda: da rua e do salão.
E acrescento Clementina de Jesus de quem, mesmo que inconsciente, Pedro recolhe seus estratos sonoros. De fato, quando se ouve Pedro Miranda pela primeira vez, sem informações prévias, a impressão que se tem é a de que estamos ouvindo uma preta velha cantado um samba no terreiro de casa; ou um crioulo com passo de bamba que sobe a ladeira cantando à vida: sem pretensões, com simplicidade: "como se o vento soprasse pela boca, vindo do pulmão", e Pedro "ficasse ao lado pra escutar o vento jogando as palavras pelo ar", como sugere o sujeito de "O compositor me disse", de Gilberto Gil.
Deste modo, tendo o samba como dom, o sujeito imbrica melancolia, saudade e vontade-de-potência: se a tristeza é senhora, a alegria é a força maior que mantem o sujeito aceso e cantando: ele canta para viver e vive para cantar. "Se o amor é um mar, sou seu marinheiro", como diz o sujeito de "Chula cortada", de Roque Ferreira.
Forte e doce, cheio de tradição, o sujeito passeia (tal qual um cordão) pelo imaginário afetivo do ouvinte atento à história do samba e da canção brasileira: joga com a memória do ouvinte. Há um clima de antigamente; de país da delicadeza e de ingenuidade comoventes.
Ao assumir que o samba é seu dom, o sujeito reconhece a tradição e se posiciona na linha evolutiva. Ele reforça o pensamento noelrosiano de que "o samba nasce do coração". Ou seja, aprende-se a bater samba (de quadra, de enredo, de roda, de breque, de partido alto, samba canção) ao compasso do coração.
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O samba é meu dom
(Wilson das Neves / Paulo Cesar Pinheiro)
O samba é meu dom
Aprendi bater samba ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo, de roda, na palma da mão
De breque, de partido alto e o samba canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba vendo samba de pé no chão
No Império Serrano a escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar, gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô, Gonga, Ciro e João Gilberto
O samba é meu dom
Aprendi muito samba com quem sempre fez samba bom
Silas, Zinco, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão
Zé com Fome, Herivelto, Marçal, Mirabeau, Henricão
O samba é meu dom
E no samba que eu vivo do samba que eu ganho meu pão
E é no samba que eu quero morrer de baquetas na mão
Pois quem é do samba meu nome não esquece mais não
(Wilson das Neves / Paulo Cesar Pinheiro)
O samba é meu dom
Aprendi bater samba ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo, de roda, na palma da mão
De breque, de partido alto e o samba canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba vendo samba de pé no chão
No Império Serrano a escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar, gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô, Gonga, Ciro e João Gilberto
O samba é meu dom
Aprendi muito samba com quem sempre fez samba bom
Silas, Zinco, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão
Zé com Fome, Herivelto, Marçal, Mirabeau, Henricão
O samba é meu dom
E no samba que eu vivo do samba que eu ganho meu pão
E é no samba que eu quero morrer de baquetas na mão
Pois quem é do samba meu nome não esquece mais não
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