Afinal, para que serve uma canção? Eis o mote de "Uma canção é para isso", de Samuel Rosa e Chico Amaral (no disco do Skank: Carrossel, 2006). Uma rede de significantes é lançada no mar da melodia e das palavras afim de fisgar a sereia que diga, enfim, porque ela canta.
Tenho dito que a canção (por unir narrativa e música: dois elementos fundamentais à formação do "eu") tem a função de afirmar a vida ao indivíduo que lhe escuta. A canção acende, por dentro, via coração, as belezas da vida e afasta o terror da morte (a tristeza).
"Uma canção é para isso" é uma ode alegre; é só para dizer o diz: cantar é ter o coração daquilo: da vida. A canção aquece dias tristes, sem precisar de fogo; sublinha paixões (é trilha sonora), sem ter persona. Ou seja, a canção parte de algo que não começa e vai em direção à incompletude toda humana.
Com seu jogos lógicos de linguagem, a canção dá os meios para criarmos nossos palcos e cenários, para que assim possamos viver: transitar pelo vida. A canção nos mostra tudo, sem precisar mostrar nada, "apenas" pela manipulação (consentida) de nossa imaginação. A ficção cria a realidade. Vivemos sem saber o que é a vida, acalentados pelo canto que nos impulsiona.
A canção eficaz busca intimidade com a existência de quem lhe ouve. Daí a sereia mitológica, da qual os cancionistas herdaram a pulsão de soprar o verbo em nós, ouvintes, recuperar o passado pelo ato que temos de contar. Cria-se assim um lastro necessário à situação do indivíduo, no presente.
A vida fica mais quente, o mundo se anima, quando canto alguém. A canção realiza a vida porque ela está ali (na canção), não precisa nem existir. A arte, portanto, é a justavida: somos sempre de fora - sou quando me sinto sendo.
A canção celebra, une (afinal somos diferentes, mas expostos às (quase) mesmas necessidades) e nos descreve (com verdades e mentiras). Mas daí, também, vem a importância e a valorização da multiplicação de ritmos, estilos e gostos, pois cada indivíduos tem necessidades pessoais: e os cancionistas, atentos a isso, oferecem diversas possibilidades de canto.
O sujeito da metacanção "Uma canção é pra isso", generoso, descreve o processo criativo: tenta implicá-lo ao ritmo próprio da vida: "Uma canção me veio sem querer". Por vício, ou por profissão, mas sempre por aquilo que nos (ouvintes) forma, uma canção lhe chega e precisa ser cantada: reunir a zona norte à zona sul. Por fim, uma canção, ciclicamente, faz o sol nascer (de novo e de novo).
"Uma canção é para isso" é uma ode alegre; é só para dizer o diz: cantar é ter o coração daquilo: da vida. A canção aquece dias tristes, sem precisar de fogo; sublinha paixões (é trilha sonora), sem ter persona. Ou seja, a canção parte de algo que não começa e vai em direção à incompletude toda humana.
Com seu jogos lógicos de linguagem, a canção dá os meios para criarmos nossos palcos e cenários, para que assim possamos viver: transitar pelo vida. A canção nos mostra tudo, sem precisar mostrar nada, "apenas" pela manipulação (consentida) de nossa imaginação. A ficção cria a realidade. Vivemos sem saber o que é a vida, acalentados pelo canto que nos impulsiona.
A canção eficaz busca intimidade com a existência de quem lhe ouve. Daí a sereia mitológica, da qual os cancionistas herdaram a pulsão de soprar o verbo em nós, ouvintes, recuperar o passado pelo ato que temos de contar. Cria-se assim um lastro necessário à situação do indivíduo, no presente.
A vida fica mais quente, o mundo se anima, quando canto alguém. A canção realiza a vida porque ela está ali (na canção), não precisa nem existir. A arte, portanto, é a justavida: somos sempre de fora - sou quando me sinto sendo.
A canção celebra, une (afinal somos diferentes, mas expostos às (quase) mesmas necessidades) e nos descreve (com verdades e mentiras). Mas daí, também, vem a importância e a valorização da multiplicação de ritmos, estilos e gostos, pois cada indivíduos tem necessidades pessoais: e os cancionistas, atentos a isso, oferecem diversas possibilidades de canto.
O sujeito da metacanção "Uma canção é pra isso", generoso, descreve o processo criativo: tenta implicá-lo ao ritmo próprio da vida: "Uma canção me veio sem querer". Por vício, ou por profissão, mas sempre por aquilo que nos (ouvintes) forma, uma canção lhe chega e precisa ser cantada: reunir a zona norte à zona sul. Por fim, uma canção, ciclicamente, faz o sol nascer (de novo e de novo).
***
Uma canção é pra isso
(Samuel Rosa / Chico Amaral)
Uma canção é prá acender o sol
No coração da pessoa
Prá fazer brilhar como um farol
O som depois que ressoa
Uma canção é prá trazer calor
Deixar a vida mais quente
Prá puxar o fio da paixão
No labirinto da gente
Prá consertar
Prá defender a cidadela
Prá celebrar
Prá reunir bairro e favela
Uma canção me veio sem querer
Naquela hora difícil
Joguei-a logo nesse iê iê iê
Por profissão ou por vício
Prá clarear a escuridão
E o mundo encerra
Prá balançar
Prá reunir o céu e a terra
Uma canção é prá fazer o Sol
Nascer de novo
Prá cantar o que nos encantou
Na companhia do povo
(Samuel Rosa / Chico Amaral)
Uma canção é prá acender o sol
No coração da pessoa
Prá fazer brilhar como um farol
O som depois que ressoa
Uma canção é prá trazer calor
Deixar a vida mais quente
Prá puxar o fio da paixão
No labirinto da gente
Prá consertar
Prá defender a cidadela
Prá celebrar
Prá reunir bairro e favela
Uma canção me veio sem querer
Naquela hora difícil
Joguei-a logo nesse iê iê iê
Por profissão ou por vício
Prá clarear a escuridão
E o mundo encerra
Prá balançar
Prá reunir o céu e a terra
Uma canção é prá fazer o Sol
Nascer de novo
Prá cantar o que nos encantou
Na companhia do povo
Uma das letras mais bonitas desse lote de canções que vc escolheu.na verdade elas escolheram vc né.
ResponderExcluirNão consegui entender o que é dito pelo back vocal. Tchurrurruru...lo e aí não entendi? E o final também "American não é????" Ajude please.
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