O sujeito de "Devolva-me", de Renato Barros e Lilian Knapp, pede que o outro devolva o sujeito a si mesmo. Ele quer se libertar da imagem fixada ao outro. Quer, sozinho, viver em paz. Afinal, ser amado, em geral, é ter que corresponder às expectativas do outro.
O sujeito quer voltar à errância da pré-relação com o outro. Retomar as rédeas da própria vida: desconectadas de alguém. Para tanto, pede que as cartas (de amor?) sejam rasgadas e que o retrato seja devolvido.
Somos, em grande parte, aquilo que escrevemos. Como o provérbio latino sugere "as palavras voam, mas a escrita permanece". O sujeito de "Devolva-me", parece ser consciente disso e, tendo as cartas rasgadas (a escrita dos acontecimentos e dos sentimentos), deseja zerar um tempo/espaço. Só existe aquilo que está registrado: ele quer apagar o que não tem mais governo. Para, assim, devolver-se a si mesmo.
Como se não bastasse o rasgar das palavras, o sujeito pede (de volta) o retrato que ele deu ao outro: ele quer restituir para si a imagem (de si) dada ao destinatário da mensagem da canção. Apagando os rastros do afeto que lhe fez se perder.
A questão é que o sujeito, matreira e perversamente, deixa uma "maldição" no outro: chama-o de "meu bem". O outro, deste modo, deixa de ser ele para ser o "meu bem" do sujeito. Ou seja, perde-se, como outrora era o sujeito quem estava perdido. Este jogo (psicológico e humano) persuade o outro a entregar aquilo que o sujeito pede.
Ao mesmo tempo o sujeito aponta para algo que mina e sobre o qual ele não tem domínio: a vida. Vaza, sobra e contamina a canção (o canto do sujeito) certo incômodo com o fim da relação.
Gravada por Adriana Calcanhotto (Público, 2000), "Devolva-me" recebeu moldura de voz e violão investindo (iluminando) a mensagem da canção: o pedido da voz que canta. Apagando o passado (comum) o sujeito deixa apenas o canto do fim: ou de um começar de novo.
Somos, em grande parte, aquilo que escrevemos. Como o provérbio latino sugere "as palavras voam, mas a escrita permanece". O sujeito de "Devolva-me", parece ser consciente disso e, tendo as cartas rasgadas (a escrita dos acontecimentos e dos sentimentos), deseja zerar um tempo/espaço. Só existe aquilo que está registrado: ele quer apagar o que não tem mais governo. Para, assim, devolver-se a si mesmo.
Como se não bastasse o rasgar das palavras, o sujeito pede (de volta) o retrato que ele deu ao outro: ele quer restituir para si a imagem (de si) dada ao destinatário da mensagem da canção. Apagando os rastros do afeto que lhe fez se perder.
A questão é que o sujeito, matreira e perversamente, deixa uma "maldição" no outro: chama-o de "meu bem". O outro, deste modo, deixa de ser ele para ser o "meu bem" do sujeito. Ou seja, perde-se, como outrora era o sujeito quem estava perdido. Este jogo (psicológico e humano) persuade o outro a entregar aquilo que o sujeito pede.
Ao mesmo tempo o sujeito aponta para algo que mina e sobre o qual ele não tem domínio: a vida. Vaza, sobra e contamina a canção (o canto do sujeito) certo incômodo com o fim da relação.
Gravada por Adriana Calcanhotto (Público, 2000), "Devolva-me" recebeu moldura de voz e violão investindo (iluminando) a mensagem da canção: o pedido da voz que canta. Apagando o passado (comum) o sujeito deixa apenas o canto do fim: ou de um começar de novo.
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Devolva-me
(Renato Barros / Lilian Knapp)
Rasque as minhas cartas
e não me procure mais
assim será melhor meu bem
O retrato que eu te dei
se ainda tens não sei
mas se tiver devolva-me
Deixe-me sozinho
porque assim eu viverei em paz
quero que seja bem feliz
junto do seu novo rapaz
O retrato que eu te dei
se ainda tens não sei
mas se tiver devolva-me
(Renato Barros / Lilian Knapp)
Rasque as minhas cartas
e não me procure mais
assim será melhor meu bem
O retrato que eu te dei
se ainda tens não sei
mas se tiver devolva-me
Deixe-me sozinho
porque assim eu viverei em paz
quero que seja bem feliz
junto do seu novo rapaz
O retrato que eu te dei
se ainda tens não sei
mas se tiver devolva-me
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