
A canção de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, de viés, resgata nossa tradição sonora, pois presta digna homenagem àqueles cancionistas que saem de cena: seja pela imposição mercadológica, seja pela força do tempo (compositor de destinos).
A imagem desenhada na letra - de alguém (o eu da canção) pisando em folhas secas, caídas de uma mangueira, que lhe remete ao fulgor da sua Estação Primeira - apresenta o tempo (tão inventivo) que corre: o sujeito está no outono (folhas caindo); pensando na primavera (mocidade e vigor da Estação Primeira) e no verão (sempre o sol lhe queimando); e vislumbrando o inverno (o silêncio de sua voz ao lado do violão companheiro).
A idade (maturidade) do sujeito e a perspectiva do tempo (senhor tão bonito) se misturam para cantar o canto que se movimento para o silêncio.
O arranjo de Eduardo Solto Netto investe na cadência lenta e compassada, diferente do que deve ter sido a vida do sujeito, quando subia o morro e cantava com os poetas da sua escola. A voz de Gal auxilia na construção da imagem do sujeito grávido de saudade, mas que ainda tem voz para cantar.
A repetição melancólica de Gal para o verso "e assim vou me acabando", que indica o fim da canção "Folhas secas", simboliza também o fim do canto do sujeito: o fechamento de um ciclo de vida e, quiçá, a entrada do sujeito na memória afetiva dos ouvintes.
Muito se fala da falta de memória do brasileiro. De fato, basta, sem muito esforço, um olhar retrospectivo para perceber o quanto de importantes e decisivas figuras de nossa história estão esquecidas, mal guardadas nos livros de história. "Folhas secas" aponta isso ao mostrar que o tempo é contínuo: nosso passado é o que somos no presente. Se o presente é incapturável e o futuro é inexistente, como diria o sábio Tom Zé: "Tudo só se acha no passado".
A imagem desenhada na letra - de alguém (o eu da canção) pisando em folhas secas, caídas de uma mangueira, que lhe remete ao fulgor da sua Estação Primeira - apresenta o tempo (tão inventivo) que corre: o sujeito está no outono (folhas caindo); pensando na primavera (mocidade e vigor da Estação Primeira) e no verão (sempre o sol lhe queimando); e vislumbrando o inverno (o silêncio de sua voz ao lado do violão companheiro).
A idade (maturidade) do sujeito e a perspectiva do tempo (senhor tão bonito) se misturam para cantar o canto que se movimento para o silêncio.
O arranjo de Eduardo Solto Netto investe na cadência lenta e compassada, diferente do que deve ter sido a vida do sujeito, quando subia o morro e cantava com os poetas da sua escola. A voz de Gal auxilia na construção da imagem do sujeito grávido de saudade, mas que ainda tem voz para cantar.
A repetição melancólica de Gal para o verso "e assim vou me acabando", que indica o fim da canção "Folhas secas", simboliza também o fim do canto do sujeito: o fechamento de um ciclo de vida e, quiçá, a entrada do sujeito na memória afetiva dos ouvintes.
Muito se fala da falta de memória do brasileiro. De fato, basta, sem muito esforço, um olhar retrospectivo para perceber o quanto de importantes e decisivas figuras de nossa história estão esquecidas, mal guardadas nos livros de história. "Folhas secas" aponta isso ao mostrar que o tempo é contínuo: nosso passado é o que somos no presente. Se o presente é incapturável e o futuro é inexistente, como diria o sábio Tom Zé: "Tudo só se acha no passado".
***
Folhas secas
(Nelson Cavaquinho / Guilherme de Brito)
Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha Estação Primeira
Não sei quanta vezes
Subi o morro cantando
Sempre o sol me queimando
E assim vou me acabando
Quando o tempo avisar
que eu não posso mas cantar
sei que vou sentir saudade
ao lado do meu violão
da minha mocidade
(Nelson Cavaquinho / Guilherme de Brito)
Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha Estação Primeira
Não sei quanta vezes
Subi o morro cantando
Sempre o sol me queimando
E assim vou me acabando
Quando o tempo avisar
que eu não posso mas cantar
sei que vou sentir saudade
ao lado do meu violão
da minha mocidade
Muito interessante suas referências intertextuais com "oração ao tempo" de caetano veloso.Eu nem sabia que essa música tinha passado pela voz de gal.
ResponderExcluir